Os contatos preliminares realizados pelo governo colombiano do presidente Juan Manuel Santos e a guerrilha comunista das Farc, que permitiram traçar uma agenda bilateral de negociação, foram realizados em Venezuela e Cuba, segundo a imprensa local deste domingo.

De acordo com o jornal El Tiempo, de Bogotá, uma reunião foi realizada na cidade venezuelana de Barinas “com a ajuda” do presidente Hugo Chávez, e em Havana ocorreram uns dez encontros com o aval de Raúl Castro. Nesses encontros, que o presidente Santos confirmou em 27 de agosto, foi estabelecida dentro do maior sigilo uma agenda de negociação de seis pontos que será discutida em Cuba, depois do estabelecimento, em outubro, de uma mesa de negociações em Oslo, destacou a imprensa.

“As discussões não foram simples, nem fluidas”, segundo a revista Semana, indicando que “entre fevereiro e agosto deste ano os representantes do governo colombiano e as Farc realizaram cerca de dez rodadas preparatórias”. As publicações detalharam que entre os delegados do governo que viajaram a Havana, esteve o irmão do presidente, o jornalista Enrique Santos, que já tinha participado das fracassadas negociações com as Farc nos anos 1980 e 1990.

A delegação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) foi presidida por Mauricio Jaramillo, que substituiu o falecido líder desta guerrilha, Jorge Briceño, no comando do poderoso bloco oriental do grupo insurgente, segundo a revista. Também participou da delegação das Farc Rodrigo Granda, que foi libertado pelo presidente Álvaro Uribe a pedido do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy, na tentativa de fazer com que a guerrilha libertasse a ex-candidata à presidência Ingrid Betancourt, com dupla nacionalidade francesa e colombiana.

Outros integrantes foram Marcos Calarcá, que chefia a comissão internacional das Farc; e Andrés París, que participou das fracassadas negociações com o governo de Andrés Pastrana (1998-2002), informaram El Tiempo e Semana. Do lado do governo, além do irmão do presidente, participaram das reuniões o conselheiro presidencial para a reintegração Alejandro Eder, o assessor do governo para segurança nacional Sergio Jaramillo, e o ex-ministro do Meio Ambiente Frank Pearl, que atuou como comissário de paz no governo de Uribe.