Confundidas com prostitutas, brasileiras do vôlei ganham cartilha para jogar Mundial

A cultura das mulheres em Doha, no Qatar, de andarem com o corpo inteiro coberto fez com que jogadoras do Sollys/Nestlé passassem por uma situação inusitada na cidade no ano passado. Desinformadas sobre a cultura local, algumas atletas foram a um mercado com shorts curto, usados para jogos e treinos. Uma senhora árabe se sentiu […]

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A cultura das mulheres em Doha, no Qatar, de andarem com o corpo inteiro coberto fez com que jogadoras do Sollys/Nestlé passassem por uma situação inusitada na cidade no ano passado. Desinformadas sobre a cultura local, algumas atletas foram a um mercado com shorts curto, usados para jogos e treinos. Uma senhora árabe se sentiu ofendida e reclamou.

Mas o pior estava por vir. Os homens locais, acostumados a verem mulheres “cheias de roupa”, confundiram a situação ao verem as atletas “de uniforme, e trataram algumas das brasileiras como prostitutas.

“Eles não estão acostumados a verem isso (shorts). E eles assediam, sim. Mas não é aquele assédio como no Brasil, com assobios, ou grito de “ô gostosa”. É uma situação constrangedora, mais pesada, de confundirem a gente com prostitutas. Ao ponto de quererem levar para casa, saber quanto custa… Pela língua diferente a gente não entende sempre, então passa meio despercebido”, afirmou a levantadora Karine, uma das que presenciou as inusitadas cenas em 2011.

Por conta dos “problemas” ocorridos em anos anteriores, o Sollys/Nestlé preparou uma “cartilha” para suas atletas, que embarcaram nesta madrugada para Doha, onde a partir de domingo disputarão o Mundial de Clubes pela terceira vez seguida.

Para evitarem novos constrangimentos, as jogadoras foram orientadas a andarem sempre com o máximo de roupa possível, mesmo com o forte calor que faz no Qatar.

Além disso, outro item das instruções pede para que as brasileiras evitem beijos na boca em público, caso algum namorado ou marido esteja presente na cidade para acompanhar a competição.

“A gente procura orientar as jogadoras porque são países com cultura diferente. Então estamos falando para as jogadoras, quando forem sair do hotel, procurarem vestir uma calça legging, para não saírem de short curtinho. Enfim, tudo em questão de respeito à cultura deles, que é diferente da nossa”, declarou Luizomar de Moura, técnico da equipe paulista.

Bicampeã olímpica, a ponteira Jaqueline irá disputar o Mundial pela segunda vez – esteve lá em 2010. Na ocasião, ela também sofreu com o assédio masculino, mesmo com o corpo coberto por calça jeans e camiseta de passeio da equipe. Ela, porém, admira a cultura local e procura respeitar, agora que já conhece os costumes do Qatar.

“No ônibus, dá para usar shorts, blusinha. Mas quando vai passear, temos que respeitar a cultura deles. E acontece deles brigarem mesmo. Os homens assediam muito, ficam maravilhados com a gente mesmo de calça jeans. Quando fui no shopping, em 2010, eles ficaram maravilhados com a gente. Eles só veem as mulheres de burca (risos)…”, brincou a jogadora, durante o lançamento da nova camisa da equipe, que agora tem a Asics como nova fornecedora de material esportivo.

No Mundial, o Sollys terá pela frente em seu grupo as chinesas do Bohai Bank, adversárias da estreia, na madrugada de domingo (4h, de Brasília), e também o Rabita Baku, do Azerbaijão. No outro grupo, Fenerbahce (TUR), Kenya Prisons (QUE) e Lancheras de Cataño (PUR).

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