Condenação de Mubarak provoca festa e violência nas ruas do Egito

A condenação à prisão perpétua do ex-presidente do Egito Hosni Mubarak provocou cenas de festa e violência no país neste sábado. A celebração pelo fato de a Justiça ter punido o ex-líder, forçado a renunciar no ano passado, se transformou em protesto de manifestantes que queriam sua execução. Aos 84 anos e após três décadas […]

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A condenação à prisão perpétua do ex-presidente do Egito Hosni Mubarak provocou cenas de festa e violência no país neste sábado. A celebração pelo fato de a Justiça ter punido o ex-líder, forçado a renunciar no ano passado, se transformou em protesto de manifestantes que queriam sua execução.

Aos 84 anos e após três décadas governando o Egito, Mubarak foi o primeiro entre os líderes derrubados pela Primavera Árabe a ser julgado em seu país e presenciado a sentença. Ele foi considerado cúmplice da morte de 850 manifestantes na revolta popular do ano passado. Seus advogados disseram que vão recorrer da sentença.

Do lado de fora do tribunal onde Mubarak foi julgado, no Cairo, o anúncio da condenação fez com que egípcios comemorassem em meio a abraços e lágrimas. Um homem se ajoelhou para rezar enquanto, ao seu redor, outros dançavam e lançavam fogos de artifício.

Mas as cenas de alegria logo se tornaram tensas, após milhares de policiais impedirem a multidão de passar por um cordão de segurança. Muitos dos manifestantes atiraram pedras nas forças de segurança, dando início a choques que deixaram 20 feridos e quatro detidos.

Horas depois, milhares de manifestantes se reuniram na Praça Tahrir, epicentro dos protestos que levaram à queda de Mubarak, bem como no centro da cidade de Alexandria, no norte do país.

Gritando palavras de ordem, a multidão chamou o julgamento de “teatral” e exigiu a execução do ex-presidente.

‘Crise de saúde’

Após a audiência, Mubarak foi levado de helicóptero para a prisão de Tora, que funciona como hospital, onde cumprirá a sentença. De acordo com autoridades que não quiseram ser identificadas, ele sofreu uma “crise de saúde” durante o voo. Há relatos de que ele sofreu um ataque cardíaco, informação não confirmada oficialmente.

Ainda segundo as autoridades, Mubarak chorou e resistiu a deixar o helicóptero, entrando na prisão apenas duas horas depois do pouso. Durante o julgamento, o líder alegou inocência e negou ter ordenado a matança de manifestantes desarmados.

A Justiça egípcia também condenou o ex-ministro do Interior Habib al-Adly à prisão perpétua por participação na morte de manifestantes. Mas Mubarak e seus dois filhos – Gamal e Alaa – foram inocentados de acusações de corrupção. Os dois ainda serão julgados por ganhos ilegais com uso de informação privilegiada.

O julgamento do ex-líder ocorre em um momento sensível para o Egito, que acaba de passar por suas primeiras eleições presidenciais livres. Prestes a votar no segundo turno, muitos dos jovens revolucionários egípcios se dizem decepcionados em ter que escolher entre o candidato da Irmandade Muçulmana, Mohammed Mursi, e um ex-premiê da era Mubarak, Ahmed Shafiq.

 

 

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