Combate à pobreza no texto da Rio+20 é uma vitória, diz ministra

Em meio às polêmicas que cercam o documento final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, comemora o que considera uma vitória: a erradicação da pobreza como destaque no texto. Em entrevista à Agência Brasil, a ministra ressaltou que só há desenvolvimento […]

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Em meio às polêmicas que cercam o documento final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, comemora o que considera uma vitória: a erradicação da pobreza como destaque no texto.

Em entrevista à Agência Brasil, a ministra ressaltou que só há desenvolvimento sustentável com inclusão social e que um depende do outro. Para Tereza Campello, a conferência já apresentou efeitos ao colocar o assunto em debate, em todas as discussões. “Felizmente, o homem veio para o centro das discussões, o que pode ser a chave do sucesso ou do fracasso”, disse. Segundo ela, as queixas sobre os impactos causados pela crise econômica internacional não podem se transformar em um retrocesso social.

Agência Brasil (ABr) – Há uma série de polêmicas no texto, mas a defesa da erradicação da pobreza é destaque no documento como um todo, o que significa isso para a senhora?
Tereza Campello É uma vitória, pois o combate à pobreza está no centro da agenda [da conferência] que antes tratava exclusivamente da preservação da natureza. O homem [o ser humano] não pode ser excluído das discussões. Não há como falar de sustentabilidade e não mencionar o homem. Felizmente, o homem veio para o centro das discussões, o que pode ser a chave do sucesso ou do fracasso da salvação do planeta, depende dos esforços [feitos por todos].

ABr – Nas negociações sobre o documento final, os países ricos alegam dificuldades financeiras devido à crise econômica internacional. Será que pode haver um retrocesso na agenda social por isso?
Tereza CampelloO retrocesso ocorre quando há quem acredita que se combate recessão com recessão, restringindo, por exemplo, o consumo. Nós, no Brasil, não acreditamos que se combate com a recessão com o corte de gasto público e corte de renda. Também não acreditamos que se use a crise para retroceder na área ambiental. O combate à pobreza é uma forma de ajudarmos pobres e ricos a sair da crise porque mantemos uma demanda firme e mantemos uma economia e um país aquecidos.

ABr – Há uma expectativa de que seja incluído o piso socioambiental no documento final da conferência, estimulando a preservação em áreas protegidas por meio de repasses de benefícios para quem vive na região. É possível manter essa previsão?
Tereza CampelloÉ um conceito que precisa ser bastante desenvolvido, o Brasil já tem o seu Bolsa Verde, mas nós achamos que tem outras possibilidades sejam discutidas. É fundamental ter um piso de preservação social e ambiental, apoiando as famílias que estão nessas áreas, para que elas saiam da pobreza e ajudem a natureza. Queremos que esse piso esteja explícito no documento e queremos que saia uma agenda [concreta] no documento. Isso tudo para começar a construir logo esse processo que precisa ser efetivado.

ABr – A senhora consegue ser otimista sobre os esforços conjuntos como metas no documento final da Rio+20?
Tereza CampelloA pobreza passou a entrar no debate. Combate à pobreza e preservação ambiental, se andarem juntos, isso muita gente está convencida. Então, eu acho que já é uma conquista da Rio+20. Isso ninguém tira. Já está no debate público. Pelo o que nós temos aqui, em todas as redes isso está sendo debatido. É um ganho para o conjunto dos atores que estão envolvidos no processo. Isso já virou uma preocupação.

ABr – Os programas de transferência de renda do Brasil ganham destaque na imprensa internacional, mas despertam a atenção das autoridades estrangeiras também?
Tereza CampelloMuito. Em média, são duas delegações por semana [interessadas em conhecer os programas de transferência de renda]. Só no ano passado, mais de 80 delegações estrangeiras nos procuraram querendo conhecer os programas de transferência de renda. Há várias experiências são replicáveis, porque há algumas questões que são peças-chave. Essa ideia de que as pessoas devem ter um mínimo de renda para sobreviver, e que isso é bom para tirá-las da pobreza e também para a economia, pode levar a várias versões. Hoje, a gente pode dizer sem medo que isso não é um gasto e que não atrapalha, ao contrário, que isso ajuda as pessoas e ajuda que a economia funcione.

 

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