Com posto da PM sem reforma, moradores precisam percorrer 100 km pra fazer boletim
Posto policial de Anhandui sofreu ato de vandalismo em junho e até agora Governo não fez reparos. Serviço só não está totalmente suspenso porque voluntários restabeleceram condições mínimas para trabalho.
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Posto policial de Anhandui sofreu ato de vandalismo em junho e até agora Governo não fez reparos. Serviço só não está totalmente suspenso porque voluntários restabeleceram condições mínimas para trabalho.
Desde a madrugada do dia 17 de junho desse ano, os moradores do Distrito de Anhanduí, que fica a 55 quilômetros de Campo Grande, estão sem poder registrar boletim de ocorrência, isso porque depois que um grupo depredou e incendiou o pelotão da Polícia Militar, ainda não foi providenciada reforma e nem mobília essencial como, por exemplo, computador para registros.
Um morador que prefere não se identificar afirma que procurou o posto policial para fazer um boletim de ocorrência, mas foi informado que teria que fazer apenas em Campo Grande. Na unidade apenas orientações ou ainda atendimento de chamadas para ir ao local. “Não acredito que o Governo deixou a gente assim, sem pode comunicar ao menos um furto. Se quiser fazer vai pra cidade (Capital) ou usa internet, mas eu não tenho”, desabafa.
Levando em conta que o distrito fica a mais de 50 quilômetros do perímetro urbano da sede, um morador que sair de Anhanduí para fazer boletim de ocorrência na Capital e retornar para seu local de origem vai percorrer mais de 100 quilômetros.
A reportagem foi ao Distrito de Anhandui no final de semana e tentou conversar com a guarnição que estava de serviço, porém os militares não deixaram que o prédio fosse fotografado internamente, isso porque poderiam se comprometer perante o comando deles. Enquanto a equipe esteve por poucos minutos na unidade policial foi possível verificar que ainda não foram recolocados os vidros quebrados, boa parte das paredes está com extensas rachaduras, uma das portas internas não fecha, a porta principal está bastante danificada e na parede frontal do pelotão há um grande buraco provocado pelo impacto do trator jogado contra o prédio.
O que chamou a atenção foi que o serviço de iluminação estava restabelecido e na cozinha havia uma geladeira e um fogão em condições de uso. Um ventilador portátil estava funcionando na recepção, bem como o telefone fixo. Em entrevista com moradores, a reportagem descobriu que o mínimo de condições de trabalho no local é graças ao voluntariado da comunidade e de um empresário de Campo Grande que tem empreendimentos no distrito.
O eletricista Cláudio Cardoso foi quem restabeleceu o sistema de fornecimento interno de energia elétrica. Ele conta que um empresário de Campo Grande que tem um haras e um posto de combustível na cidade o enviou para a unidade policial para que fizesse troca da fiação que ficou derretida com o fogo. “Ganhei uma gratificação dele (empresário) por isso. Depois voltei lá por conta própria e fiz mais uns serviços”, conta.
Foi informado para a equipe do Midiamax que a sujeira do pelotão policial provocada pelo vandalismo do dia 17 de junho foi retirada por militares plantonistas e também pessoas da comunidade. Um morador que tem uma máquina de limpeza de alta pressão fez gratuitamente a lavagem das paredes e do piso. O ventilador portátil que fica na recepção também foi doação, bem como colchões para alojamento dos plantonistas.
Joana Barbosa de Almeida, 60 anos, mora no Distrito de Anhandui há 33 anos com o esposo Manoel Candido, de 80 anos. Ela conta que acompanhou de perto a luta dos policiais nos primeiros 15 dias depois que a unidade militar sofreu o atentado. “Esses meninos ficaram sem lugar e mesmo assim continuaram atendendo a gente por amor ao nosso patrimônio”, garante a comerciante que tem um pequeno bar.
“Primeiramente Deus e depois esses meninos por nossa segurança. Já era pra ter arrumado este posto policial pra eles trabalharem e a gente também ter os serviços de volta”, apela Dona Joaninha, como é mais conhecida a comerciante dona do bar.
O caso de vandalismo contra o pelotão
Segundo a Polícia Militar, três policiais estavam de plantão no posto policial de Anhandui quando foram acionados durante a madrugada, por volta das 2h, e prenderam quatro vândalos por desordem. A guarnição então se deslocou a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Piratininga para conduzir os presos e o posto policial ficou vazio.
Em represália a prisão dos comparsas, parte do bando que tinha conseguido fugir incendiou o posto policial e um rapaz jogou um trator contra o prédio. Uma guarnição dos bombeiros também foi chamada, mas quando chegou ao local a estrutura do posto já estava comprometida. Toda mobília foi queimada, inclusive pertences dos policiais que estavam de plantão. O computador utilizado para fazer boletins de ocorrência e levantamentos nos sistemas Sigo e Infoseg ficou queimado e até hoje não foi providenciado outro.
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