O presidente venezuelano, Hugo Chávez, obteve uma vitória eleitoral confortável, que pode estender seu reinado para 20 anos no poder, e prometeu aprofundar a autodenominada revolução socialista que resultou numa polarização do país membro da Opep.

Dezenas de milhares de eleitores de Chávez em êxtase lotaram as ruas ao redor do palácio presidencial, no centro de Caracas, com os punhos erguidos e gritando o nome de Chávez, depois que o ex-militar derrotou o candidato da oposição, Henrique Capriles, por mais de 9 pontos percentuais.

O novo mandato de seis anos permitirá a Chávez consolidar o controle sobre a economia da Venezuela, possivelmente através da extensão de uma onda de nacionalizações, e continuar seu apoio a aliados de esquerda na América Latina e em todo o mundo. “Na verdade, essa tem sido a batalha perfeita, uma batalha democrática”, disse Chávez da varanda do palácio na noite de domingo, segurando uma réplica da espada do herói da independência Simon Bolívar.

“A Venezuela vai continuar no caminho do socialismo democrático e bolivariano do século 21.” A reeleição foi uma vitória extraordinária para um líder que apenas alguns meses atrás temia por sua vida enquanto lutava para se recuperar de um câncer.

Ele recebeu 54,4 por cento dos votos, com 90 por cento dos votos apurados, em comparação a 45 por cento para Capriles. Mais de 80 por cento dos eleitores registrados votaram. Eleitores de Chávez pingando de suor se esforçavam para ter um vislumbre do presidente da rua abaixo do palácio, dançando e bebendo rum. “Chávez, o povo está com você!” , gritavam.

A vitória foi consideravelmente mais magra do que a anterior, por 25 pontos percentuais em 2006, refletindo a crescente frustração com a incapacidade do governo de resolver problemas como a criminalidade, blecautes e corrupção.

Em resposta a essas críticas, Chávez disse que estaria mais focado em seu novo mandato, que terá início no dia 10 de janeiro. “Hoje começamos um novo ciclo de governo, no qual temos de responder com maior eficácia e eficiência às necessidades do nosso povo”, disse. “Eu prometo que vou ser um presidente melhor.”

 Um tenente-coronel aposentado, que ganhou fama inicialmente com uma tentativa de golpe que falhou em 1992, Chávez tornou-se o principal provocador anti-EUA da América Latina, criticando Washington enquanto se aproxima de adversários norte-americanos, incluindo Cuba, Síria e Irã.

O boom do petróleo de uma década rendeu-lhe dezenas de bilhões de dólares para investimentos sociais no país membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que vão desde clínicas de saúde gratuitas a complexos de apartamentos recém-construídos, ajudando-o a construir uma forte base de seguidores entre os pobres.

Depois de sua vitória no domingo, Chávez poderia ordenar novas nacionalizações em alguns setores da economia que ainda estão em grande parte intactos, incluindo a indústria de alimentos, bancos e saúde. Ele tirou proveito da vitória esmagadora em 2006 para ordenar as aquisições nos setores de telecomunicações, eletricidade e petrolíferas.