O Casino assumiu oficialmente nesta quarta-feira (22) o controle do capital votante do grupo Pão de Açúcar (PCAR4.SA). A família Diniz exerceu a opção de venda de um milhão de ações com direito a voto da Wilkes, empresa que controla a maior rede varejista brasileira, segundo informou o grupo francês nesta quinta-feira (23), em comunicado.

O empresário Abilio Diniz anunciou no começo do mês que venderia 2,4% do capital acionário da Wilkes ao Casino. O valor da operação foi avaliado em US$ 10,5 milhões.

Com o exercício desta primeira opção de venda por Diniz, conforme previsto em acordo de acionistas assinado em 2006, o grupo francês elevará sua participação acionária na Wilkes para 52,4%, passando a ser o sócio majoritário da companhia e concluindo o processo de transferência de controle iniciado em 22 de junho.

O empresário brasileiro ficará com os 47,6% restantes, além de seguir como presidente do conselho de administração do Pão de Açúcar.

A segunda opção de venda poderá ser exercida no prazo de oito anos a partir de junho de 2014.

Em 22 de junho, o presidente-executivo e do conselho do Casino, o francês Jean-Charles Naouri, foi eleito como novo chairman da Wilkes, ocupando a posição antes pertencente a Diniz.

Troca de comando era esperada desde 2006

Essa mudança de comando já era esperada desde 2006, quando o Casino comprou o controle do Grupo Pão de Açúcar, e foi definido que o comando seria transferido ao grupo francês em junho de 2012. O Casino investiu pela primeira vez no Pão de Açúcar em 1999, quando resgatou o grupo de dificuldades.

Porém, a disputa pelo controle da rede varejista ganhou os holofotes no ano passado: Abilio Diniz tentou romper o acordo ao propor uma fusão da companhia brasileira com o arquirrival do Casino, o Carrefour. O Casino, como esperado, vetou o negócio.

Em março, o Casino já tinha anunciado que pretendia usar os mecanismos necessários para assumir o controle exclusivo do grupo. Em maio, o Casino anunciou oficialmente que exerceu a opção que permite assumir o controle da companhia.

Proposta de fusão com Carrefour fracassou

No ano passado, o Pão de Açúcar foi objeto de uma intensa batalha entre o grupo Casino e Abilio Diniz, que tentou se aliar ao Carrefour, concorrente direto do Casino. A ofensiva da parte brasileira terminou em fracasso.

O plano de fusão, revelado em 28 de junho, previa a união dos dois maiores grupos de distribuição brasileiros –o Pão de Açúcar e o Carrefour Brasil– para criar um gigante avaliado em US$ 41,899 bilhões.

Em julho de 2011, os administradores do Casino rejeitaram o projeto de aliança de sua filial brasileira com o seu grande rival Carrefour.

Ao rejeitar a aliança, o Casino explicou, em comunicado, que os membros de seu conselho, à exceção de Abílio Diniz, consideram a fusão “contrária” a seus interesses e aos de sua filial brasileira.

Além disso, a qualificaram de “hostil e ilegal” e encarregaram seu presidente, Jean-Charles Naouri, de fazer valer essa posição “por todos os meios necessários”, também no conselho de administração da Wilkes.

Atualmente o Brasil é o segundo maior mercado para o Casino no mundo depois da França e é um pilar importante na expansão do grupo francês em mercados emergentes em um momento de fraqueza na Europa. (Com informações das agências Reuters, Valor e AFP)