O Diretor de Promoção de Saúde Cardiovascular da Sociedade de Cardiologistas, Sérgio Pinheiro, conversou com o Midiamax sobre as doenças, cuidados e quais os grupos que necessitam de mais atenção.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a incidência da dislipidemia (aumento do colesterol e do triglicerídeos) atinge cerca de 77 milhões de brasileiros. Desse total, 42% são mulheres enquanto que 38% são homens.

A obesidade da população campo-grandense segue a tendência observada no restante do país?

Estimativa nacional é semelhante à de Campo Grande. Conforme o VIGITEL, que é uma ferramenta do Ministério da Saúde que tem como objetivo monitorar a freqüência e a distribuição de fatores de risco e para todas as capitais do país, por meio de entrevistas telefônicas da população, os dados daqui batem com os números nacionais.

Em média, 15% dos homens são obesos e 16%, são mulheres. Acima do peso, a porcentagem de homens é maior do que a de mulheres; 55% homes e mulheres 45%.

Que cuidados a pessoa deve ter para evitar as doenças cardiovasculares?

O Dia Mundial do Coração foi criado justamente pela preocupação da (Organização Mundial de Saúde) com as doenças cardiovasculares, que são a maior causa de morte do mundo.

Até alguns anos atrás, o que mais matava eram as doenças transmissíveis, principalmente a AIDS. Hoje o que mais mata são as doenças cardiovasculares.

Para se ter uma idéia a ONU foi criada em 1945 e até hoje, desde a sua criação, ela só fez três reuniões com a área da saúde. A primeira foi em 1950, na época da poliomielite onde houve uma pandemia e após a reunião a pólio foi erradicada.

Em 2000, por causa da AIDS. Após isso aumentaram os investimentos em estudos e as campanhas surtiram efeito diminuindo a proporção de crescimento da doença. E em setembro do ano passado ela fez a terceira reunião com a OMS e os ministros de saúde de todos os países filiados para tratar das doenças cardiovasculares.

Baseado nisso, o Brasil fez um plano de enfrentamento das ações estratégicas para o combate das doenças crônicas não transmissíveis.

O plano do Ministério da Saúde envolve as esferas federal, estadual e municipal e dentro da esfera municipal está prevista a construção de academias ao ar livre, como já ocorre em Campo Grande.

E quais são os grupos de maior atenção?

As doenças cardiovasculares incidem mais nos homens acima dos 55 e mulheres acima dos 65 anos, mas hoje a gente vê que cada vez mais cedo encontramos casos em jovens. Já tive dois pacientes de 27 anos que fizeram cirurgia cardíaca, ponte de safena, mamaria…

E as principais causas?

A principal é o sedentarismo. Até o inicio do ano, dados apontavam que morriam mais de três milhões de pessoas por ano. Agora, um dado recente aponta que morrem cinco milhões de pessoas por ano por causa do sedentarismo.

Estes números só perdem em casos de morte por hipertensão que é a primeira, e para o tabagismo, que é a segunda.

O sedentarismo está ligado à hipertensão, diabetes, obesidade e a alguns tipos de câncer, como o de mama, além de uma serie de outras doenças como a ortopédica, artrose, doenças degenerativas… O sedentarismo é o mal do século.

É possível distinguir sintomas em casos de doença do coração?

Na maioria das vezes a hipertensão é assintomática, a pessoa deve sempre verificar a pressão para detectar, se não ela já vai saber em estágio avançado. O paciente já está com o coração crescido ou tem um, derrame um infarto.

A hipertensão é silenciosa. Se a pessoa não verificar não tem como ela saber.

A dislipidemia que é o aumento do colesterol e do triglicerídeos também é assintomática. A pessoa pode estar com 2000 de colesterol que não vai sentir nada. Só fazendo exames de rotina.

A obesidade, o tabagismo, o sedentarismo e a diabetes são as principais causas de doenças cardiovasculares.

Então uma pessoa comum não tem como saber se possui a doença?

Pode ser que ao sentir uma doer no peito, em caso de ser um fumante, seja uma indicação da doença, mas não é uma regra.

As causas que falei anteriormente são os chamados fatores modificáveis, pois a doença cardiovascular tem os fatores modificáveis e os não modificáveis.

O que é o não modificável? A idade. Quanto mais avança a idade, maior o risco de doença cardiovascular; O sexo – a doença é mais freqüente nos homens e a história familiar: se a pessoa tem um pai ou um tio que teve a doença é possível que ela venha a desenvolver e não tem como identificar. Todos os outros são modificáveis.

Com uma atividade física regular e alimentação saudável você diminui o risco de hipertensão, diabetes e obesidade. Se você não fumar, ajuda. Os fatores modificáveis são possíveis de controlar inclusive em pessoas com tendência podem amenizar as possibilidades de desenvolver a doença.

Contudo a modificação tem que ser no âmbito familiar. Quando uma pessoa está obesa, geralmente outras pessoas na família também estão acima do peso. Então tem que tratar no âmbito familiar, não somente o individuo.

Não adianta também apenas se alimentar de forma saudável e não praticar nenhuma atividade física. Fazendo atividade física você diminui muito o risco de doenças cardiovasculares.

Os dois juntos são complementos, contudo o resultado é melhor se você alia a alimentação saudável com a atividade física.