Alheios à pressão do maior julgamento político dos últimos anos do País, o agricultor paranaense Ademir José Botan (DEM), 39 anos, e o comerciante gaúcho Lazaro Da Silva Brum (PPS), 49 anos, aproveitaram o mensalão – que será julgado a partir desta quinta-feira no Supremo Tribunal Federal (STF) – para tentar se eleger à Câmara de Vereadores de Pinhão (PR) e Santa Rosa (RS), respectivamente. Com os nomes de “Ademir Mensalão” e “Mensalão” registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), eles pegam carona na publicidade do escândalo denunciado pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e acreditam que não terão as candidaturas prejudicadas.

“Eu tenho uma lancheria com o nome de Mensalão Lanches e todos me conhecem por ‘Mensalão’, mas não tem nada a ver com o que aconteceu em Brasília. O apelido pegou aqui na cidade e só os inteligentes sabem sobre o escândalo, a maioria acha que é meu nome mesmo. Eu não ia colocar, só que no curso preparatório para candidato fui orientado a usar”, explicou Brum, o Mensalão, que declarou um patrimônio de R$ 28,2 mil ao TSE.

No caso de Botan, o “Ademir Mensalão” surgiu de um apelido, em 2003. “Muita gente acha engraçado. Quando vim morar aqui em Pinhão, um amigo gaúcho passou a me chamar assim porque eu recebia um dinheiro da venda de soja, produzida em outro local. Ele falava para tirar sarro e acabou pegando. Sinceramente, não acredito que isso possa me prejudicar, até porque sou bem sério com as minhas coisas”, afirmou o candidato, cujo patrimônio declarado chega a R$ 905 mil.
Família mensalão

Na lancheria de Lazaro Brum, a família convive com o mensalão desde 2005, ano em que o escândalo veio à tona, e até incorporou o apelido ao nome. Segundo o candidato, seus filhos são conhecidos pelos clientes como “mensalinhos”. “Quando abri a lancheria, pensei: ‘que nome vou colocar?’ Algumas pessoas fizeram sugestões, aí pensei: ‘vai ser Mensalão’. Os meus filhos são chamados de mensalinho e eu, como sou baixinho e gordinho, fiquei como mensalão. Não penso no lado errado, apenas no apelido”, argumentou.

Botan, que teve a candidatura indeferida pelo TSE por não votar e não justificar no segundo turno das eleições de 2008, salientou que vai usar o apelido mensalão na urna, caso consiga reverter a decisão da Corte: “O pessoal faz piada, carinhosamente, e até as crianças me chamam de mensalão. Se eu puder concorrer, usarei com certeza. Acho horrível a história do mensalão, mas não tem a ver comigo”.