Brasileiros levam projetos de desenvolvimento sustentável a Moçambique
Alunos do curso de mestrado em práticas em desenvolvimento sustentável da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) partem amanhã (6) para a Região Norte de Moçambique, onde passarão duas semanas pondo em prática o que aprenderam na pós-graduação. Eles integram a primeira turma do curso no Brasil. O curso foi criado no ano […]
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Alunos do curso de mestrado em práticas em desenvolvimento sustentável da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) partem amanhã (6) para a Região Norte de Moçambique, onde passarão duas semanas pondo em prática o que aprenderam na pós-graduação.
Eles integram a primeira turma do curso no Brasil. O curso foi criado no ano passado dentro da Associação Internacional de Mestrados em Práticas em Desenvolvimento Sustentável (GlobalMDP), que conta com 22 instituições em todo o mundo.
O coordenador do curso na UFRRJ, professor Rodrigo Medeiros, disse que a ideia da formação específica surgiu em 2008, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) reuniu especialistas para debater a questão e chegou à conclusão de que faltavam no mundo profissionais capacitados para lidar com os desafios do desenvolvimento sustentável.
Segundo Medeiros, a Comissão Internacional Sobre o Ensino para a Prática do Desenvolvimento Sustentável, da ONU, concluiu em 2008 que boa parte dos problemas de hoje, como pobreza extrema, miséria, endemias, deficiências na área de saúde e desigualdade de gêneros, é causada pela falta de profissionais com formação integrada, capazes de propor soluções ou gerenciar projetos inovadores e mais eficientes para resolver os problemas de desenvolvimento – “toda uma agenda de desenvolvimento que avançou muito pouco nos últimos 50 anos em todo o mundo.”
Medeiros lembrou que, por recomendação da comissão, no ano seguinte, foi criado o GlobalMDP, para repensar o processo de formação de profissionais com vocação para o desenvolvimento sustentável. A mobilização foi coordenada pela Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, com financiamento da Fundação McArthur.
O programa do curso é o mesmo em toda a rede e recebe profissionais das mais diversas formações, já que o problema de desenvolvimento não envolve apenas um ramo do conhecimento, disse o professor. “A motivação principal [do profissional] é trabalhar e estar a serviço da agenda de desenvolvimento. E aí o próprio programa vai trabalhar os conteúdos das áreas temáticas.”
Quando o aluno entra, explicou Medeiros, recebe formação nas áreas de ciências humanas e ambientais, de engenharia, de saúde e de instrumentos e ferramentas para gestão. “O objetivo é permitir que quem trabalha para essa agenda de desenvolvimento seja capaz de articular com profissionais de diferentes áreas de saber para propor projetos e soluções que sejam adequadas aos problemas de desenvolvimento de cada região”.
Um dos principais componentes deste mestrado é o treinamento de campo, dividido em três módulos, onde os alunos colocam em prática o que aprenderam em sala de aula. A primeira parte foi desenvolvida na Região Serrana do Rio, com comunidades que vivem em áreas de risco para problemas climáticos.
O segundo foi na Amazônia, com comunidades extrativistas e ribeirinhas no Amapá. “E o terceiro módulo, que é internacional, será na Região Norte do Moçambique, a mais populosa e também a mais pobre daquele país, para desenvolver projetos adequados a uma realidade totalmente diferente da brasileira.”
Em parceria com a Universidade de Lúrio (Unilurio), de Moçambique, os 17 brasileiros vão implementar projetos já iniciados na região de Niassa, como a análise do sistema de produção da agricultura familiar dessas comunidades, para o aperfeiçoamento das técnicas e o desenvolvimento do turismo, ainda pouco explorado no local. Depois das duas semanas, os estudantes voltam para o Brasil, onde concluem as análises e enviam o relatório para ser usado pelas comunidades.
Depois de concluir o mestrado, os profissionais serão monitorados durante cinco anos, para verificar o impacto que o curso terá na carreira deles. “A expectativa é devolver estes profissionais ao mercado e que eles sejam os agentes da mudança em suas instituições, para acelerar a reversão de indicadores que estão muito ruins em várias partes do mundo, inclusive no Brasil.”
O edital para o mestrado em práticas em desenvolvimento sustentável da UFRRJ é lançado em março e as aulas começam em agosto, como no calendário escolar do Hemisfério Norte. Mais informações sobre a Associação Internacional de Mestrados em Práticas em Desenvolvimento Sustentável estão disponíveis no site www.globalmdp.org.
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