Brasileiros da região de massacre nos EUA falam de ‘choque’ e ‘consternação’
Brasileiros que vivem na região de Newtown, no Estado americano de Connecticut, falaram da sensação de choque, consternação e incredulidade causada pelo massacre na escola primária de Sandy Hook nesta sexta-feira. Se o vilarejo de cerca de 27 mil habitantes, descrito por vizinhos como pacato, é percebido como lar de relativamente poucos imigrantes estrangeiros, Danbury, […]
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Brasileiros que vivem na região de Newtown, no Estado americano de Connecticut, falaram da sensação de choque, consternação e incredulidade causada pelo massacre na escola primária de Sandy Hook nesta sexta-feira.
Se o vilarejo de cerca de 27 mil habitantes, descrito por vizinhos como pacato, é percebido como lar de relativamente poucos imigrantes estrangeiros, Danbury, a apenas 20 quilômetros de distância, é notória pela presença de uma forte comunidade de brasileiros.
“Indiretamente, a gente é afetado”, disse à BBC Brasil por telefone o treinador de jiu jitsu Luigi E. Mondelli, que decidiu fechar temporariamente as portas da sua academia, em Danbury, em memória e respeito às vítimas.
“As cidades são pequenas e bem ou mal, as pessoas se conhecem. Todo mundo conhece alguém ou tem parente envolvido em Newtown. Está todo mundo consternado.”
Na página da academia American Top Team no Facebook, ele escreveu: “Sei que minha equipe vai entender que, em um momento como este, devemos nos unir em preces para quem direta ou indiretamente foi afetado por esse evento horrível”.
‘Pasmo’
O ataque aconteceu às 9h30 da manhã locais (12h30 de Brasília). A escola primária de Sandy Hook tem cerca de 600 alunos entre os cinco e dez anos de idade.
É a mesma faixa de idade de um dos três filhos de Nilton Coelho, de 33 anos, proprietário do restaurante Banana Brazil, também em Danbury. Coelho contou que passou pela cidade nesta sexta-feira, a caminho do seu fornecedor.
Ele disse que foi avisado por SMS pela escola – na cidade onde a família mora, New Milford – que os alunos estavam sendo mantidos sob segurança dentro das instalações escolares.
“Todo mundo aqui está pasmo, porque as escolas aqui são muito seguras, muito tranquilas”, disse Coelho. “Por aqui, a gente nunca tinha visto uma tragédia dessas. A gente deixa os filhos na escola pensando que eles vão ficar seguros.”
Brasileiros que vivem em Newtown com quem a reportagem da BBC Brasil tentou contato estão hesitando em falar com os jornalistas. A polícia tem pedido para as testemunhas evitarem a imprensa enquanto as circunstâncias do ataque, perpetrado pelo filho de uma das professoras, são esclarecidas.
Amigos dizem que os moradores da cidade estão chocados. “Os americanos sentem muito esse tipo de coisa”, diz Mondelli.
‘Escondidos’
Segundo testemunhas, assim que os tiros começaram a ser ouvidos na escola de Sandy Hook, os professores se apressaram em levar as crianças pra dentro das salas de aula.
Uma aluna disse a redes de TV americanas que, “quando ouvimos os tiros, nos jogamos no chão”. Logo em seguida, acrescentou, “ficamos escondidos no canto da sala”.
Esse é o segundo pior massacre do gênero ocorrido nos Estados Unidos – atrás apenas do ataque que deixou 37 mortos na universidade Virginia Tech, em 2007.
Há dez anos morando nos EUA, Mondelli observa que é difícil entender as razões por trás de episódios como esse, que se repetem com uma frequênica incômoda nos EUA. “No Brasil, a gente tem todo tipo de mazelas, mas não vê muito esse tipo de surto”, diz.
Já para Coelho, que vive nos EUA há 18 anos, apesar de incidentes como este, os EUA ainda são “o melhor país” para se viver.
“Infelizmente, a gente se assusta”, reconhece. “Mas eu ainda acredito na capacidade da polícia e da Justiça americanas.”
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