A Justiça australiana inicia nesta semana inquérito sobre o caso do estudante brasileiro Roberto Laudísio Curti, que foi morto pela polícia do país após suspeita de roubar uma loja de conveniência na cidade de Sydney, no último mês de março. As investigações apontam que o jovem pode ter recebido até 17 disparos de taser, um tipo de arma de choque, e jatos de spray de pimenta. Outra possibilidade é que ele tenha sido algemado quando já estava imobilizado. As informações são do Sydney Morning Herald.

A audiência com os policiais envolvidos será focada no abuso de força usado para conter o brasileiro, de 21 anos, que, segundo alguns relatos, apresentava comportamento estranho naquela noite. Será também levantado se o jovem usou drogas ilícitas, como LSD, nas horas anteriores ao incidente.

Uma câmera de segurança na rua onde Laudísio morreu registrou seis guardas abordando brasileiro, que teria roubado uma loja de conveniência na região. Um dos possíveis disparos de taser captado nas imagens foi dado diretamente nas suas costas. Não é claro, porém, se a morte ocorreu em decorrência da arma, classificada como “não-letal”.

As imagens não deixam claro se os policiais de fato aplicaram choques no estudante ou utilizaram outras técnicas possíveis com a arma, que apenas “atordoariam” a pessoa atingida. Há suspeitas de que o possível uso de drogas tenha colaborado para a morte.

A corte onde o caso será julgado foi especialmente ampliada para comportar um número de maior de pessoas, já que é esperada uma grande cobertura da imprensa australiana. Amigos e familiares do brasileiro, que vivem na Austrália e no Brasil, prestarão depoimento, além de representantes da indústria de armas de choque, que são acusadas de serem usadas com excesso pela polícia.

Jovem é morto por taser na Austrália

Roberto Laudisio, 21 anos, foi morto por policiais australianos em março de 2012, na cidade de Sydney, após ser atingido por disparos de taser, uma arma de choque considerada não-letal. Ele foi detido por seis policiais no centro da capital e, segundo testemunhas, estava sem camisa e de mãos vazias. Ele ainda gritou por ajuda antes de morrer. Após o primeiro disparo, os policiais avançaram sobre o corpo de Laudisio, em convulsão, e efetuaram mais choques, conforme testemunhas.

Por volta das 5h20 de 18 de março, o jovem teria entrado numa loja de conveniência pedindo ajuda, porque estaria sendo perseguido, e teria fugido com um pacote de biscoitos. Aproximadamente 20 minutos depois, Laudisio foi abordado pela polícia e teria reagido. Distante cerca de 1 km do local do assalto, o rapaz morreu na calçada, depois de receber os tiros de taser. Roberto Laudisio era estudante da PUC-SP e morava na Austrália desde 2011, onde estudava inglês e jogava futebol.