Brasil registra menor desmatamento na Amazônia em 23 anos
Paralelamente ao anúncio da queda do desmatamento, Dilma Rousseff criou áreas de preservação e novas terras indígenas. Ainda assim, gestão ambiental da presidente em 18 meses de governo é mal avaliada por ativistas. A presidente Dilma Rousseff guardou para Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado nesta terça-feira (5), anúncios de impacto na política ambiental. Ela […]
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Paralelamente ao anúncio da queda do desmatamento, Dilma Rousseff criou áreas de preservação e novas terras indígenas. Ainda assim, gestão ambiental da presidente em 18 meses de governo é mal avaliada por ativistas.
A presidente Dilma Rousseff guardou para Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado nesta terça-feira (5), anúncios de impacto na política ambiental. Ela assinou em Brasília a criação e ampliação de unidades de preservação, além de homologar novas terras indígenas.
Mas a notícia de maior repercussão foi a queda do desmatamento na Amazônia ao menor nível desde 1988, ano em que o monitoramento começou a ser feito pelo
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O feito foi anunciado pela ministra de Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
A análise mostrou que 6.418 km2 de floresta foram perdidos em 2011. O Pará foi responsável pela metade do desmatamento total, seguido pelo Mato Grosso, com 1.120 km2 e Rondônia, com 865 km2. Mais de 80% da vegetação original da Amazônia permanece intocada e, segundo a ministra, o corte de árvores caiu 78% entre 2004 e 2011. “Essa redução é impressionante, é fruto de mudanças na sociedade, mas também ela é fruto da decisão política de fiscalizar e ao mesmo tempo da ação punitiva dos órgãos governamentais”, elogiou Dilma Rousseff.
Na avaliação de Márcio Astrini, do Greepeace Brasil, não se trata de uma conquista do governo atual. “A redução do desmatamento é fruto de trabalho de muito tempo, de acordos de mercado, da pressão da sociedade civil e de planos e política de combate ao corte ilegal da mata”, disse em entrevista para a DW Brasil.
A polêmica da medida de conservação
As duas novas unidades de conservação criadas por decreto são a Reserva Biológica Bom Jesus, no Paraná, e o Parque Nacional Furna Feia, no Rio Grande do Norte, que, juntas, somam cerca de 42 mil hectares. No estado do Paraná, uma região remanescente de Mata Atlântica cobre a área e, no Rio Grande do Norte, a meta é conservar a caatinga e as cavidades naturais subterrâneas.
No Ceará, a Floresta Nacional Araripe-Apodi passará dos atuais 706 hectares para 39,3 mil hectares. O Parque Nacional do Descobrimento, na Bahia, de 1,5 mil hectares, ganhará 21 mil hectares extras. Já à Floresta Nacional de Goytacazes, no Espírito Santo, será anexada uma área de 74 hectares de Mata Atlântica.
Em 18 meses de gestão, esse é o primeiro decreto presidencial do tipo. “Dilma já deu sinal negativo por ter sido o primeiro governo a não anunciar nenhuma medida ambiental em seu primeiro ano de gestão”, comentou Astrini. Pelo andar da carruagem, acrescentou o especialista, a presidente dá mostras que fará a pior gestão ambiental que o Brasil já teve desde a redemocratização.
Sob a liderança de Dilma, o Brasil reduziu no último ano a extensão de sete unidades de conservação. Três delas foram na Amazônia, sob a justificativa de liberar área para o abrigo de canteiro de obras de hidrelétricas em construção. “Ou seja, o saldo é negativo”, comentou Astrini.
Entre as áreas indígenas homologadas estão a Tenharim-Marmelo, Matintin e Santa Cruz da Nova Aliança, no estado do Amazonas, e Xipaia, no Pará. A decisão, no entanto, já havia sido tomada há mais de um ano pelo governo e era considerada “de gaveta”.
Rio+20 adiante
Também nesta terça-feira, o Brasil passou às Nações Unidas o controle da sede da conferência Rio+20, no espaço Riocentro, no Rio de Janeiro. “Não vamos permitir que conquistas ambientais, econômicas e sociais sejam retardadas muito menos paradas”, declarou Dilma na ocasião.
Para o Greenpeace, no entanto, todo esse histórico está ameaçado com o novo Código Florestal. “Ela descumpriu promessas feitas em público e a lei do jeito que está abre possibilidade de o desmatamento ser anistiado”, justificou Astrini.
Os críticos dizem que, ao longo de todo o processo de mudança da lei, a líder se mostrou mais preocupada com a base aliada do que com o tema. Ela teria se omitido de forma oportuna para não criar conflito. “E quando Dilma entrou para decidir, todos os que defendem o meio ambiente se decepcionaram. E o absurdo: hoje temos um Código Florestal condenado pelos ambientalistas e elogiado pelos ruralistas”.
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