Desta vez chegou perto, muito perto. A gaúcha Gabriela Markus passou pela prova preliminar, pelo desfile de biquini, pela apresentação em trajes de gala e estava quase lá. No entanto, quando se viu entre as cinco finalistas do 60º Miss Universo, nesta quarta-feira (19), o resultado não veio: ficou com a quinta colocação. Confortável com a edição realizada em seu país natal, na cidade de Las Vegas, a norte-americana Olivia Culpo foi a grande felizarda, sendo eleita a Miss Universo 2012. Com o título, ela se tornou a oitava mulher dos EUA a conquistar o concurso, cuja disputa começou em 1952. A coroa de brilhantes, símbolo do posto, foi entregue pela detentora do título de 2011, a angolana Leila Lopes.

O resultado frustra as expectativas do Brasil de chegar à sua terceira vitória no evento, o que não ocorre há mais de quatro décadas. As únicas vezes em que o País teve candidatas eleitas Miss Universo foram em 1963 e 1968, soma que o coloca na quarta colocação entre as nações com maior número de títulos no concurso – são dez na posição, como México, Tailândia, Japão e Canadá. No entanto, dentre elas é a nação que há mais tempo não conquista o Miss Universo. EUA, Venezuela, Porto Rico e Suécia lideram a lista com, respectivamente, oito, seis, cinco e três títulos.

Além do concurso principal, a edição de 2012 premiou, como faz anualmente, vencedoras de duas categorias distintas ao evento principal. A guatemalteca Laura Gody Calle, 24 anos, foi eleita Miss Simpatia – título que lhe deu uma premiação de US$ 1 mil. Já a chinesa Ji Dan Xu ganhou a prova de melhor traje típico, disputada no último fim de semana e anunciada antes do fim do concurso.

Passo a passo

Os anfitriões da noite – o produtor-executivo do canal Bravo Channel, Andy Cohen, e a apresentadora do E! Entertainment Television Giuliana Rancic -, entraram no palco do Planet Hollywood Resort and Casino, em Las Vegas, pontualmente às 23h (de Brasília), para apresentar uma edição mais temática do Miss Universo. Por ter sido organizado em dezembro – no ano passado o evento foi realizado em setembro -, o cenário do concurso de beleza mais famoso do mundo foi adornado com diversos pinheiros cobertos com luzes e folhas pintadas de branco, imitando a neve típica do inverno dos EUA, além de telões exibindo imagens de geleiras e flocos de neve caindo do céu, lembrando as principais características do Natal no hemisfério norte.

Sem muita enrolação, os anfitriões da noite foram logo apresentando ao público cada uma das 89 candidatas, que entraram em cena com curtos vestidos padronizados, diferenciados apenas por suas cores – sempre claras, com tops em tons mais escuros. Postadas lado a lado, as 16 favoritas da equipe de jurados e do público, que pôde fazer a primeira seleção das misses pela internet, foram anunciadas. A brasileira Gabriela Markus foi a 12ª a ser chamada – as misses Venezuela, Turquia, França, Peru, Rússia, México, Polônia, Hungria, África do Sul, Filipinas, Croácia, Kosovo, Austrália, Índia e EUA completaram o time das felizardas.

As 16 pré-selecionadas, então, disputaram a prova do biquíni, uma das mais importantes para a definição da vencedora, segundo a própria organização do concurso. No entanto, Andy Cohen logo avisou que, desta vez, as seleções seriam feitas de forma diferente: “a partir de agora, só os jurados escolhem quem ganha aquela coroa de brilhantes que eu adoraria usar”, brincou, fazendo referência à sua opção sexual – ele é gay assumido desde 2004. O time de especialistas contou com dez personalidades, incluindo a Miss Universo 2010, a mexicana Ximena Navarrete.

Para animar a penúltima fase do concurso foi convocada a banda norte-americana Train, primeira atração musical da noite. Liderado pelo vocalista Pat Monahan, o grupo californiano executou hits enquanto as misses surgiam em cena com seus trajes de gala. O desfile foi marcado por vestidos ousados. A norte-americana Olivia Culpo, por exemplo, usou um surpreendente decote e uma abundante saia, enquanto a russa Elizabeth Golovanova e a venezuelana Irene Sofiá Esser Quintero optaram por roupas valorizando as pernas, usando saias com fendas que quase atingiam suas virilhas. Gabriela Markus foi mais discreta, com um deslumbrante vestido prateado destacando os seios.

Hora da verdade

“Eu acredito que não é a forma de nos vestir que mostra o que somos. Conseguimos mostrar nosso caráter usando tanto um vestido de gala quanto um biquíni. O que importa é que mostramos como somos em nossos corações”. Assim respondeu Gabriela à sempre complicada questão que rege a última prova do Miss Universo, feita por um dos jurados, escolhido por sorteio – “o que você diria a alguém que lhe falasse que biquínis reduzem mulheres a símbolos sexuais”. A brasileira foi a única a responder a pergunta em sua língua pátria, contando com uma tradutora para auxiliá-la frente às câmeras.

Mas foi Janine Tugonon quem conquistou mais a empatia do público na prova final. Simpática e com um inglês impecável, a filipina de 23 anos respondeu a uma questão que indagava se a barreira linguística não seria prejudicial para um possível reinado de um ano como vencedora do concurso. “O Miss Universo não tem a ver com com falar um idioma e, sim, com influenciar pessoas”, disse. Foi ovacionada.

Ainda assim, apesar de ter se enrolado em sua resposta na prova derradeira – a respeito de algum arrependimento em sua vida – e de não ter usado o mais belo vestido da noite, Culpo impediu a Venezuela de empatar com os EUA em títulos. E voltou a deixar o país bastante confortável na posição de líder entre as nações com o maior número de beldades vencedoras do Miss Universo no mundo.