BC vê inflação menor em 2012, mas piora cenário de 2013

O Banco Central prevê que a inflação deste ano ficará abaixo do centro da meta oficial -de 4,5 por cento pelo IPCA- devido à desaceleração da atividade econômica interna e à maior deterioração do cenário global. Para 2013, no entanto, a autoridade monetária piorou suas estimativas. A divergência entre as duas projeções reforçou a visão […]

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O Banco Central prevê que a inflação deste ano ficará abaixo do centro da meta oficial -de 4,5 por cento pelo IPCA- devido à desaceleração da atividade econômica interna e à maior deterioração do cenário global.

Para 2013, no entanto, a autoridade monetária piorou suas estimativas. A divergência entre as duas projeções reforçou a visão de analistas do mercado financeiro de que a autoridade monetária será obrigada a elevar a taxa básica de juros, hoje em 9,75 por cento ao ano, em 2013 vem para conter pressões de preços.

Segundo o Relatório Trimestral de Inflação do BC divulgado nesta quinta-feira, a estimativa é de inflação de 4,4 por cento neste ano pelo cenário de referência -com juros constantes em 9,75 por cento e dólar 1,75 real.

E, para o ano seguinte, o BC vê agora que o IPCA ficará em 5,2 por cento. No relatório anterior, de dezembro passado, as estimativas tanto para este quanto o próximo ano estavam em 4,7 por cento.

Para o BC, o Brasil está crescendo abaixo do seu potencial e que, pelo seu cenário central, “contempla ritmo moderado da atividade econômica doméstica no curto prazo, com tendência de aceleração ao longo deste ano”, como um fator de menor pressão inflacionária no período.

Além disso, o BC avalia que as importações estão contribuindo para a contenção dos preços no mercado interno. “As compras de produtos externos reduz a demanda nos mercados de insumos domésticos e, dessa forma, contribui para arrefecimento de pressões de custos e eventuais repasses para os preços ao consumidor”, informou o documento.

Por outro lado, o BC também argumentou que as negociações salariais e a indexação da economia podem deteriorar as expectativas da inflação futura. “De modo geral, ao conter o processo de desinflação da economia, os mecanismos de indexação contribuem para elevar o ponto de partida da taxa de inflação em ciclos de moderação econômica”, informou pelo documento.

E citou riscos de as negociações salariais serem ancoradas nos preços passados mais altos, o que poderiam levar a níveis “não compatíveis com o crescimento da produtividade”. “A moderação salarial constitue elemento chave para a obtenção de um ambiente macroeconômico com estabilidade de preços”, emendou.

Atividade

O BC manteve em 3,5 por cento a previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, abaixo do previsto pelo governo, oficialmente em 4,5 por cento, apesar de mirar, na realidade, em 4 por cento.

A autoridade monetária viu, de um lado, expansão da demanda doméstica em ritmo moderado, mas acredita que a expansão da oferta de crédito vai se manter para pessoas física e jurídica. O BC citou ainda contribuições positivas das transferências governamentais.

“Também contribuirão para fortalecer a demanda doméstica – em especial o consumo das famílias e o investimento- ações de política monetária recentemente implementadas, cujos efeitos sobre a atividade (e inflação), operam com defasagem e são cumulativas”, afirmou. ALTA NA SELIC Com a piora da expectativa inflacionária par 2013, analistas apostam em uma alta na taxa de juros.

“O cenário é convergente para o centro da meta (de inflação) neste ano e divergente no ano que vem e o BC se sente confortável em continuar cortando o juros”, afirmou o economista-chefe do BES Investimento, Jankiel Santos.

O BC também informou que a chance de a inflação estourar o teto da meta é de 3 por cento em 2012 e em torno de 22 por cento no ano que vem pelo cenário de referência. No documento anterior, estava em 54 por cento e “em torno” de 10 por cento, respectivamente.

No documento, a autoridade monetária voltou a frisar que a taxa Selic vai cair para patamares “ligeiramente acima” de 8,75 por cento ao ano, mínimo histórico que vigorou entre julho de 2009 a abril de 2010, e se estabilizar, como trouxe a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada em meados de março. 

No início de março, o BC acelerou o passo ao reduzir a Selic em 0,75 ponto percentual, para os atuais 9,75 por cento ao ano. Na avaliação do mercado, segundo mostrou a pesquisa Focus, a Selic deve ir a 9 por cento em abril -quando o Copom se reúne novamente. Para o economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho, o BC reduzirá a Selic em abril novamente, mantendo a taxa estabilizada até dezembro em 9 por cento ao ano. “Isso indica uma possível alta do juros em 2013”, afirmou Velho.

 Pesquisa Focus mostra que o mercado enxerga a taxa de juros maior no próximo ano, em 10 por cento. A grande preocupação do governo é estimular a economia e garantir um crescimento na casa de 4 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.

Em 2011, a economia brasileira cresceu apenas 2,7 por cento, puxado por um mau desempenho da indústria. Para tanto, a equipe da presidente Dilma Rousseff tem deixado claro que vai anunciar mais medidas para acelerar o crescimento da atividade, sobretudo na indústria.

Na última sexta-feira, por exemplo, o governo prorrogou a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a linha branca, além de incluir outros setores no benefício. O próprio presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou que a economia brasileira vai acelerar em 2012, e ainda mais em 2013. Ele defende que, mesmo assim, a inflação deve convergir para o centro da meta no final deste ano.

Dados recentes mostram que os preços estão menos pressionados. Por exemplo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) -considerado uma prévia da inflação oficial- subiu 0,25 por cento em março, abaixo das expectativas e mostrando uma forte desaceleração ante a alta de 0,53 por cento registrada em fevereiro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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