BB abre ofensiva estatal para baixar spread bancário

O Banco do Brasil deu partida nesta quarta-feira à esperada ofensiva do governo para baixar os spreads bancários, com corte agressivo de juros em algumas linhas de financiamento. Batizado de BOMPRATODOS, o programa contempla a redução da taxa média de capital de giro para empresas e nas linhas de varejo para a compra de veículos […]

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O Banco do Brasil deu partida nesta quarta-feira à esperada ofensiva do governo para baixar os spreads bancários, com corte agressivo de juros em algumas linhas de financiamento.

Batizado de BOMPRATODOS, o programa contempla a redução da taxa média de capital de giro para empresas e nas linhas de varejo para a compra de veículos e de bens e serviços, além do rotativo do cartão de crédito e no consignado.

Amplamente aguardado, o anúncio causou um impacto inicial fortemente negativo entre os investidores que, temendo os possíveis efeitos de uma feroz concorrência dos bancos sobre suas margens, correram a vender ações do setor.

A do próprio BB despencoua 5,9 por cento, a maior queda do Ibovespa. Itaú Unibanco recuou 3,1 por cento, enquanto Bradesco encolheu 2,5 por cento.

No entanto, uma análise mais detalhada mostrou mais tarde que o alcance do pacote, para o bem ou para o mal, não será tão grande, a despeito da visibilidade dos números.

O banco prometeu disponibilizar um montante adicional de 43,1 bilhões de reais, e cortes nas taxas que vão desde uma redução de 19 por cento, no caso da compra de veículos, até a redução do rotativo do cartão de crédito, de uma média de 12,25 por cento para um piso de 3 por cento.

O vice-presidente da Área Internacional e de Atacado do banco, Paulo Caffarelli, destacado pelo presidente Aldemir Bendine para falar sobre o assunto, explicou que o BB tem mais interesse em aumentar o relacionamento com certos clientes.

“Vamos fazer uma abordagem maior com servidores públicos e beneficiários do INSS”, afirmou Caffarelli à Reuters.

As principais metas de desempenho do BB para 2012, como a de retorno sobre patrimônio de 19 a 22 por cento, o crescimento de 17 a 21 por cento da carteira de crédito total, foram mantidas. O banco também espera ter uma despesa semelhante à do ano passado com perdas esperadas com calotes, algo em torno de 3 bilhões de reais.

“Temos um nível de inadimplência menor do que o do sistema e temos condições de ser o ator principal no processo de induzir um processo de maior concorrência entre os bancos”, disse.

O anúncio veio após a Reuters ter antecipado no mês passado que o governo vinha cobrando dos bancos públicos cortes de juros para forçar todo o sistema financeiro a fazer o mesmo.

Para os analistas de bancos do Barclays, no entanto, não se deve esperar que o anúncio dê início a uma guerra de cortes de juros entre os bancos, nem que a machuque a lucratividade do BB, dado que as taxas são muito específicas para certas linhas.

“Além disso, iniciativas semelhantes como esta tiveram no passado uma adesão muito baixa (apenas cerca de 10% ou mais dos clientes que tinham seus limites de crédito aumentado de fato tomaram mais emprestado)”, disseram os analistas Fabio Zagatti e Roberto Attuch, em relatório.

 

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