Após condenar políticos ligados ao PP, PL e PTB por envolvimento no esquema do mensalão, o ministro vai concluir na sessão desta quinta-feira a leitura de seu voto sobre os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro envolvendo o ex-deputado José Borba (PMDB). Logo após, ele deve passar a palavra ao revisor, Ricardo Lewandowski, que fará a apresentação do voto sobre o item seis da denúncia.

A previsão inicial era de que Barbosa concluísse todo o item antes de passar a palavra para Lewandowski, mas ele resolveu fazer um novo fatiamento e deixar a análise das condutas sobre os petistas José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoíno, acusados de corrupção ativa, para a próxima semana. Com a nova divisão, os ex-líderes do PT estarão na berlinda justamente na semana que antecede o primeiro turno das eleições.

Mesmo que Barbosa passe a palavra para Lewandowski logo no começo da sessão, o revisor deve concluir seu voto apenas na sessão da próxima quarta-feira, quando os outros ministros poderão votar – o que deve consumir toda a sessão de quinta-feira.

Até agora, Joaquim Barbosa só pediu a absolvição de um réu ligado aos partidos políticos: Antonio Lamas, ex-assessor do PL. Na sessão de ontem, o relator entendeu que são culpados por corrupção passiva o ex-deputado e atual presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, delator do mensalão; ex-deputado do PTB Romeu Queiroz; o ex-secretário do partido Emerson Palmieri; o deputado federal Valdemar Costa Neto, ex-presidente do PL (atual PR); Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do PL; e o ex-deputado do PL Bispo Rodrigues.

Sobre Roberto Jefferson, o ministro disse que o presidente do PTB tinha conhecimento que seu antecessor, José Carlos Martinez, recebia montantes em espécie da sigla. “Roberto Jefferson era um líder parlamentar que sabia da existência do que chamou de mesada. Sabia que o sr. José Carlos Martinez recebia dinheiro em espécie do esquema”, disse. Ao seguir a mesma postura adotada em relação aos réus ligados ao PP, condenados na sessão de segunda-feira, Barbosa afirmou que o dinheiro recebido pelo antigo PL foi fruto de uma acordo com o PT para a compra de apoio político no Congresso Nacional.

Costa Neto, segundo o relator, ficou responsável por distribuir o dinheiro dentro do seu partido e orientar a bancada em votações que interessavam ao governo do ex-presidente , como as reformas tributária e da previdência. “Ao contrário do que alega a defesa, houve sim demonstração de pagamento de valores em seu benefício durante o período de dois anos e houve concentração de pagamentos no período de reformas importantes. Efetuados os pagamentos ao PL, Valdemar Costa Neto orientou sua bancada a votar favoravelmente ao governo no período dos fatos. A bancada, que não desejava a aliança com o PT, votou em uníssono”, narrou Barbosa.

Próximas votações

Após ser concluído o voto de todos os ministros sobre o capítulo item seis, o julgamento deve prosseguir com a análise do item sete, que tem como foco os saques feitos no Rural por petistas e pelo ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto. O penúltimo capítulo, o oitavo, é dedicado à evasão de divisas e lavagem de dinheiro atribuídas aos publicitários Duda Mendonça e Zilmar Fernandes.

Por fim, o capítulo dois deverá levar ao plenário do Supremo o ápice do julgamento. É nesse ponto que estão descritas as condutas de Dirceu, Delúbio e José Genoíno, ex-presidente do PT, que resultaram na acusação de formação de quadrilha.