Austeridade não resolverá crise na Europa, diz Delfim Netto

O economista e ex-ministro da Fazenda e da Agricultura, Antonio Delfim Netto fez uma análise do cenário econômico mundial com exclusividade para o Jornal do Brasil  nesta quinta-feira (24), dia conturbado no mercado financeiro. “O mundo está numa dificuldade muito grande, estamos passando por um período de ajuste longo, os Estados Unidos estão crescendo, talvez […]

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O economista e ex-ministro da Fazenda e da Agricultura, Antonio Delfim Netto fez uma análise do cenário econômico mundial com exclusividade para o Jornal do Brasil  nesta quinta-feira (24), dia conturbado no mercado financeiro.

“O mundo está numa dificuldade muito grande, estamos passando por um período de ajuste longo, os Estados Unidos estão crescendo, talvez um pouco menos do que gostaríamos e a Índia e a China também reduziram o crescimento”

Delfim acredita que o mundo está encolhendo e o Brasil, como parte da lógica global, também crescerá menos. Ele enfatiza que apesar disto, o país não deve encolher e as medidas do Governo para evitar a contaminação da crise internacional, são positivas.

“Nós vamos crescer menos do que gostaríamos de crescer, o governo tá se defendendo bem, está procurando minimizar estes efeitos mundiais e tem agido muito corretamente, em minha opinião”, analisa.

Na Europa, o ex-ministro criticou as medidas de austeridade promovidas pela Alemanha e afirmou que o tempo de ajuste para os países tem que ser maiores, e investimentos são fundamentais para driblar a crise.

“Na verdade não tem como você resolver a crise apenas com medidas de austeridade, é preciso produzir investimentos na Europa inteira, financiadas com papeis européias, atraindo também o setor privado”.

O ex-ministro não deixou de criticar a postura do país germânico em relação aos outros membros do continente.

“O problema na Europa, do jeito que está sendo colocado, causa uma incompreensão. A Europa parece estar dividida entre os virtuosos e os bandalhos, aqueles que foram irresponsáveis, ou seja, as economias de menor poderio, como Grécia e Espanha, e as mais desenvolvidas, como a própria Alemanha. Porém, não existe credor sem devedor, e se houve mal comportamento foram de todos. Espera-se que a Alemanha tenha um espírito um pouco mais corporativo”, analisou.

 

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