Audiência cobra apuração de crime contra Rocaro e reivindica segurança a jornalistas

Durante o evento, o assassinato do jornalista pontaporense Paulo Rocaro, ocorrido em 12 de fevereiro deste ano, foi relembrado por diversas vezes

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Durante o evento, o assassinato do jornalista pontaporense Paulo Rocaro, ocorrido em 12 de fevereiro deste ano, foi relembrado por diversas vezes

Representantes de entidades de classe, jornalistas, Polícia Militar entre outros setores da sociedade se reuniram nesta sexta-feira (09), em Audiência Pública para discutir a violência contra a imprensa. O evento, realizado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, foi marcado por pedidos pelo fim da impunidade em crimes contra profissionais da área e apuração rígida sobre o assassinato do jornalista Paulo Rocaro.

“O ano mal começou e já temos vários atentados contra a liberdade de expressão em nosso país”, considerou o deputado estadual Alcides Bernal (PP), membro da Comissão de Trabalho, Cidadania e Direitos Humanos e propositor da discussão.

Durante o evento, o assassinato do jornalista pontaporense Paulo Rocaro, ocorrido em 12 de fevereiro deste ano, foi relembrado por diversas vezes. “Isso nos leva a questionar se algumas dessas vítimas fatais cavaram a própria cova […] Independente do tipo de jornalismo executado, nada justifica a ameaça ou a violência extrema”, afirmou Bernal.

Representando o MPE (Ministério Público Estadual), o promotor de Justiça Paulo Cezar dos Passos, afirmou que a discussão sobre o assunto é delicada e destacou a importância da liberdade para o exercício da profissão jornalística. “A imprensa livre é um direito básico de toda democracia”, definiu. “Qualquer ataque contra a imprensa, contra o jornalista, é um ataque a própria sociedade, a democracia. É evidente que há traços de crime de pistolagem, é evidente que há traços que a morte foi encomendada. Que tipo de sociedade estamos vivendo em Mato Grosso do Sul?”, questionou Passos ao comentar a morte de Rocaro.

Pauta do jornalismo sul-mato-grossense

Sócio-diretor do jornal Midiamax, Carlos Eduardo Belineti Naegele, se solidarizou com os familiares de Paulo Rocaro presentes na Audiência Pública. “O campo da discórdia não é a pistolagem não, é a Justiça […] O Mato Grosso do Sul não pode sustentar essa marca”, frisou.

Para Naegele, os jornais sul-mato-grossenses devem atuar no sentido de auxiliar as investigações sobre o assassinato do jornalista pontaporense. “Temos que elucidar esse crime, que a imprensa abrace essa causa […] O esclarecimento desse crime não conforta somente a família, mas o jornalismo. O esclarecimento da morte de Paulo Rocaro deve ser a pauta do jornalismo em Mato Grosso do Sul”, destacou.

Edmondo Tazza, representando os familiares de Rocaro, exigiu agilidade nas investigações do crime. “Já se passaram 25 dias da morte. O secretário Wantuir Jacini [de Segurança Pública] disse que mandaria uma equipe para investigar a morte do Paulo e até hoje apenas um delegado está a frente das investigações. É humanamente impossível. A morte do Rocaro não vai nos intimidar”, sentenciou.

Jornalistas políticos são as maiores vítimas

Para a presidente do Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso do Sul, Vanessa Amin, o assunto discutido durante a Audiência Pública é antigo e também demonstra a necessidade de um órgão que julgue possíveis abusos da imprensa, a exemplo dos Conselhos de Comunicação. “Mas só de estarmos discutindo esse tema é um progresso”, opinou.

A sindicalista também apresentou dados disponibilizados pela Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), onde é apontado que o maior volume de casos de violência contra jornalistas são entre os profissionais responsáveis pela cobertura política e administração pública. “É um tema que infelizmente gera esse tipo de reação”, disse.

Presidente do Sindicato dos Radialistas de Mato Grosso do Sul, Lúcio Maciel, também defendeu a punição aos mandantes e executores de crimes contra a imprensa e repudiou atos de censura. “Eu não vejo um engenheiro, um médico, serem mortos pelo trabalho feito, mas no caso de radialistas e jornalistas nós vemos”, comparou.

Apoio

O comandante da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, coronel Carlos Alberto David dos Santos, também defendeu o exercício livre da profissão. “Quando se perde um jornalista, quem perde é a sociedade”, frisou. “A Polícia Militar tem a obrigação de se juntar as outras forças para solucionar esses crimes”, emendou.

Para o promotor de Justiça da comarca de Amambaí, Ricardo Rotunno, é necessário buscar apoio com o governo paraguaio para que crimes na região de fronteira, como o do jornalista Paulo Rocaro, sejam esclarecidos. “É fundamental a participação deles”, disse.

Segundo o advogado Sandro Oliveira, representante da UFMS, uma alternativa seria a federalização de crimes contra a imprensa. “A violência é um atentado ao Estado Democrático de Direito”, argumentou. Para a professora de Comunicação Social Célia Franzoloso, “não é um fato como este que irá nos desanimar. Não será a impunidade que irá nos calar, vamos lutar”, disse.

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