Músicos, atores, poetas, artesãos e demais integrantes da classe artística corumbaense fizeram nota pública de repúdio contra o uso desrespeitoso da Marcha a Corumbá, hino oficial da cidade, no Horário Eleitoral Gratuito da coligação “Corumbá no Rumo Certo”.

Mais de 40 assinaturas de artistas e representantes do setor foram colhidas. Entre elas, assinaturas da dona Izulina, do Mestre Agripino, Marluci Brasil e Salim Haqzan.  O abaixo-assinado foi entregue e protocolado no Conselho Municipal de Cultura de Corumbá.

Na nota de repúdio, os artistas acusam a coligação da candidata Solange Ohara, do PMDB, de “flagrante desrespeito a um dos maiores símbolos do orgulho pantaneiro, o hino de Corumbá”. “Se a gente respeita o Hino Nacional, por que não respeitar o Hino de Corumbá? Temos que ter orgulho das coisas que temos e o hino retrata, musicalmente, a alma do corumbaense”, disse a artista Marlene Mourão, mais conhecida por Peninha.

O ator e diretor de teatro, Salim Haqzan, lamentou o mau exemplo das pessoas que desrespeitam o hino. “As pessoas deveriam se orgulhar um pouco mais e se apropriar disso, como uma coisa do corumbaense, que simboliza toda essa paisagem, o casario, a cor do céu, deveria fazer parte do orgulho da gente, de ser corumbaense”.

No programa do horário eleitoral do dia 31 de agosto, em rede de rádio e tevê, o hino é executado em contexto oposto e desvinculado de seu propósito, que é o de louvar e exaltar as belezas naturais da cidade branca, seu povo e suas tradições.

Além disso, o ritmo do hino é alterado de forma a deixá-lo descaracterizado e indigno. No programa eleitoral de Solange Ohara exibido nesta segunda-feira (17), o hino é executado novamente de forma irônica por duas atrizes. Um terceiro personagem manda que as lavadeiras “calem a boca”.

A candidata à vice-prefeita, Márcia Rolon, externou indignação com o fato. “Enquanto trabalhamos com o propósito de ampliar o diálogo entre cultura e educação, assistimos um movimento contrário de nossa adversária”, disse. “E agora, me respondam a pergunta que não quer calar: como respeitar alguém que desrespeita nossa memória, nosso saber, nossa história, nosso ser cultural?”.

Para o candidato à Prefeitura de Corumbá, Paulo Duarte (PT), esta foi uma falta de consideração com todo o povo corumbaense. “De todas as faltas cometidas pela campanha adversária, essa atingiu o ápice”, comentou. “O hino não é de um partido político, de um grupo ou de uma pessoa, é de Corumbá. Além do mais, ele foi chamado de ‘música’ e o hino é mais do que isso, é um símbolo municipal e merece todo o nosso respeito”, concluiu.