Pequenos pedaços que se juntam numa mistura de cores, texturas, criatividade e encanto. Nas mãos de detentas do Estabelecimento Penal Feminino de Regimes Semiaberto, Aberto e de Assistência às Albergadas de Dourados, a arte do mosaico é sinônimo de inspiração para uma vida longe do mundo da criminalidade.

A atividade surgiu de forma tímida no presídio, há cerca de dois meses, por iniciativa de servidoras penitenciárias que decidiram repassar às internas o conhecimento, que sempre serviu como hobby, como um meio de evitar o ócio causado pelo encarceramento. Com o aprendizado, as próprias internas participantes passaram a se aperfeiçoar e a ensinar as companheiras de cárcere.

A inciativa deu tão certo que, de pedaço em pedaço, a arte com os restos de pisos e azulejos transformou-se não só numa forma de ocupação produtiva para as reeducandas, mas em uma chance de ganharem seu sustento honestamente. Enxergando a atividade como uma verdadeira ocupação profissional, a reeducanda Mara Gilza Souza Diniz explica que na hora de montar as peças decorativas se inspira na percepção de como as pessoas gostariam de ter a arte do mosaico em casa ou no local de trabalho.

“Penso em como ficaria na sala, no quarto, na varanda, enfim, é modelado a partir da inspiração sobre o que poderia agradar ao cliente”, afirma, informando que já usa o artesanato como meio de ganhar dinheiro. Já Danielly Rodrigues de Melo conta que “viaja nos pensamentos” na hora de produzir.

“Aprendi a fazer mosaico aqui e a criação vem da minha imaginação, gosto muito, me distrai e ajuda a passar o tempo mais rápido”, garante. Conforme a detenta, o novo conhecimento, além de propiciar o prazer de criar arte, também pode representar uma oportunidade.

“É fácil de fazer e ainda é uma renda extra”, diz. Segundo a diretora do presídio, Luzia Aparecida Ferreira, no local as internas também aprendem crochê, pintura em pano de prato e a arte da cestaria (objetos feitos com papéis de revistas) e, somando essas atividades artesanais, atualmente todo o efetivo carcerário do estabelecimento prisional está envolvido na produção.

As atividades artesanais contribuem também na rotina de disciplina da unidade, conforme a diretora. “Todo esse processo acaba propiciando qualificação e realização pessoal no trabalho e isso reflete também no bom comportamento”, comenta.

“Cada trabalho desenvolvido capta percepção, desenvoltura, coordenação motora e discernimento, possibilitando que cada interna demonstre suas habilidades e suas qualidades”, enfatiza. Luzia destaca, ainda, que o sucesso nesse desenvolvimento dos trabalhos artesanais só é possível graças ao apoio e empenho dos servidores penitenciários.

“É uma equipe que se dedica e acredita na importância desse trabalho para a ressocialização”, afirma. Exposição das peças As peças em mosaico e os demais trabalhos artesanais produzidos pelas internas do Estabelecimento Penal Feminino de Regimes Semiaberto, Aberto e de Assistência às Albergadas de Dourados poderão ser vistos e adquiridos no próximo dia 8 de março, no próprio presídio.

A “mostra de artes” terá início às 9 horas e prossegue até as 17 horas. Mais de 150 peças estarão expostas, todas resultado do projeto desenvolvido na unidade prisional. De acordo com a coordenadora do projeto de artesanato e responsável pelo Setor de Trabalho do presídio, Lucilene Matias, o objetivo da exposição é demonstrar à sociedade a atividade realizada com as detentas e a beleza do trabalho desenvolvido.

O dinheiro arrecadado com a venda dos materiais será revertido em prol das internas que os produziram e na aquisição de matéria-prima para a confecção de novas peças. O Estabelecimento Penal Feminino de Regimes Semiaberto, Aberto e de Assistência às Albergadas de Dourados está localizado na rua Ciro Melo, 3418, bairro Jardim Paulista.