O fisco argentino suspendeu nesta segunda-feira (16) o registro de operador de grãos da companhia do agronegócio Bunge, uma medida que retira alguns benefícios de suas atividades no país, enquanto a Justiça determinou um embargo dos bens da empresa por supostas irregularidades fiscais.

“A companhia realizou triangulações nocivas de exportações, o que teria permitido evadir mais de 435 milhões de pesos (US$ 100 milhões) em impostos, nos anos 2006 e 2007”, afirmou a Administração Federal de Ingressos Públicos (AFIP) em comunicado.

A órgão afirmou ainda que a Justiça embargou bens da empresa em garantia. O embargo envolve ativos da ordem de US$ 57 milhões, segundo a AFIP.

A Bunge já havia sido suspensa em março de 2011 pela AFIP.

O governo da presidente Cristina Fernández Kirchner, conhecido por suas políticas intervencionistas, tem tido uma relação tensa com as grandes companhias do setor agropecuário. No ano passado, várias empresas tiveram seu registro suspenso pela acusação de evadir somas milionárias de impostos.

A suspensão do registro da companhia norte-americana não deve afetar significativamente sua capacidade de fazer negócios na Argentina. Contudo, aumenta sensivelmente o clima de insatisfação no setor no país que é o principal exportador de óleo de soja e de farelo.

A ausência do registro impõe desafios logísticos diante das restrições governamentais para transportar grãos no país. Mas a suspensão não deve empurrar para baixo as exportações, uma vez que as companhias impossibilitadas de ter registro podem simplesmente pagar outros para transportar suas cargas.

Um porta-voz da companhia não estava imediatamente disponível para comentar o assunto, mas a Bunge vem, repetidamente, negando as acusações.

Estimativas privadas indicam que 5% da receita fiscal argentina vem dos grãos. A presidente é frequentemente criticada pelo setor e outros grupos industriais por aumentar o papel do Estado no setor privado.

Nesta segunda-feira, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, disse que vai enviar ao Congresso um de lei para expropriar a parte do acionista majoritário da petrolífera Repsol-YPF, a maior do país, e que é culpada há meses pelo governo pelo declínio da produção de petróleo e gás argentina.