Apesar do dólar alto, conhecer o exterior está mais barato
Se o ano termina marcado por alívio e boas perspectivas para os exportadores brasileiros, o mesmo vale para quem sonha com um roteiro internacional. Ao contrário do esperado, embarcar rumo ao exterior tem ficado cada vez mais barato. A notícia traz calmaria também aos agentes de viagem, que no início do mês receberam a notícia […]
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Se o ano termina marcado por alívio e boas perspectivas para os exportadores brasileiros, o mesmo vale para quem sonha com um roteiro internacional. Ao contrário do esperado, embarcar rumo ao exterior tem ficado cada vez mais barato. A notícia traz calmaria também aos agentes de viagem, que no início do mês receberam a notícia do fechamento da Tia Augusta, empresa famosa por levar jovens à Disney desde a década de 1970. Entre as causas para o encerramento das atividades, estaria a alta do dólar e a queda de 50% nas vendas de pacotes.
De acordo com a Associação Brasileira de Agência de Viagem (Abav) Nacional, no ano passado, as vendas de pacotes turísticos resultaram em faturamento de R$ 9,8 bilhões, com embarque de cerca de 6 milhões de pessoas. O número aponta crescimento médio de 29% nas vendas em comparação a 2010 – 37,4% em destinos domésticos e 23% em destinos internacionais. Para 2012, a expectativa era de que o setor registrasse crescimento de 25%, mas o número não deve passar de 14%.
No entanto, não deve haver motivo para apreensão. Segundo o vice-presidente da Abav Nacional, Edmar Bull, o mercado vinha apresentando evolução acima da média, o que condicionou as expectativas a um cenário que acabou não se consolidando. “Vínhamos em aceleração, e ano passado fizemos uma projeção muito alta para 2012. O mercado acabou calculando errado. Ainda assim, tivemos crescimento, e o momento é de comemoração”, diz.
Bull afirma que o fechamento da Tia Augusta é um caso isolado e que a alta da moeda americana não afetou o setor. “Não sentimos grandes mudanças nos pacotes por conta da valorização do dólar, até porque as tarifas internacionais seguem a lei da procura e da oferta”, explica. Com procura menor do que o esperado, viajar para o exterior ficou mais barato – cenário que seria diferente caso o câmbio seguisse em baixa, estimulando a busca por pacotes. “Esse ano, estamos vendendo pacotes com preços ainda menores do que em 2011, o que volta a encorajar o turista”, destaca.
Na Happy Tur, agência de Joinville, em Santa Catarina, a procura por pacotes internacionais chegou a superar as viagens dentro do País. De acordo com a diretora, Jane Niehues, os negócios da empresa normalmente ficam em 65% para roteiros domésticos e 35% para fora do Brasil. Esse ano, a proporção chegou a se inverter. Jane explica que o aumento do poder de consumo das classes C e D tem refletido na procura por destinos como o Nordeste – e aqui também se aplica a lei da oferta e da procura: com mais gente embarcando para lugares como Ceará, Alagoas, Rio Grande do Norte e Bahia, o aumento dos preços foi visível. “Temos clientes que antes não viajavam, e essa nova realidade muda os preços praticados pelas companhias aéreas, rede hoteleira e demais serviços. Em muitas datas, vale mais a pena ir para fora do País, principalmente agora, no verão”, compara.
Para as agências, a internet tem sido outro obstáculo. Jane explica que muitos turistas já programam sua viagem apenas com o auxílio de sites de buscas e vendas online de passagens e serviços. Os destinos mais tradicionais da Europa, por exemplo, estão em baixa na empresa de Joinville. “Quem viaja com frequência já não procura as agências para lugares como França, Itália e Espanha”, diz. Agora, a aposta fica por conta dos destinos exóticos, como Tailândia e Austrália, que devem seguir acompanhando o crescimento do setor.
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