A Anfavea, entidade que reúne as montadoras de veículos que têm fábrica no Brasil, afirmou nesta sexta-feira (27) que houve crescimento nos postos de trabalho na indústria automotiva neste ano. De acordo com os números da entidade, em julho (último mês pesquisado) havia 146,9 mil trabalhadores no setor, o maior nível de empregos diretos desde janeiro (145 mil). 

Trata-se de uma resposta à presidente Dilma Rousseff, que nesta sexta condicionou a continuidade do benefício tributário para veículos novos (anunciado em 21 de maio e válido até 31 de agosto) à manutenção dos empregos nas fábricas. Carros com motor 1.0, por exemplo, tiveram o imposto sobre produtos industrializados (IPI) zerado. Os preços ao consumidor baixaram imediatamente.

Ainda segundo a Anfavea, em junho de 2011 os empregados no setor automotivo eram 142,8 mil, e dois anos atrás, em junho de 2010, 131 mil (crescimentos de 2,8% e 11%, respectivamente). A entidade — cujas principais associadas são Fiat, Volkswagen, General Motors e Ford — limitou-se a fornecer esses dados e evitou polemizar com a presidente, e não quis falar do nível de emprego no setor nos próximos meses.

Em Londres (Reino Unido), onde participa nesta sexta da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, Dilma fez um duro pronunciamento alertando que não toleraria demissões nos setores da indústria que tiveram o IPI reduzido. O setor automotivo foi um dos principais beneficiados, registrando vigorosa retomada das vendas em junho: no caso dos carros de passeio, foram 30,5% mais emplacamentos que em maio.

Segundo Dilma, a ação do governo — que foi recebida inicialmente como uma forma de cortar preços e estimular a economia por meio do consumo — teve como principal objetivo a perservação de empregos: “Não [queremos retorno] para nós, mas para o país inteiro, que é a manutenção do emprego. Damos incentivo para garantir emprego. Eles [os empresários] têm de saber que é por esse único motivo”.

GM EM FOCO
 
As palavras de Dilma em Londres têm endereço certo: a General Motors, que encerrou a produção de três modelos (Corsa, Meriva e Zafira) no complexo industrial de São José dos Campos (SP) e agora é confrontada pelo sindicato dos metalúrgicos local, que não quer demissões. Representantes dos trabalhadores já foram recebidos pelo governo em Brasília (DF).

A GM garante que não fez demissões em São José, nem que já as decidiu, e afirma que nos próximos dias vai buscar um acordo com o sindicato mediado pelo Ministério do Trabalho. Por meio de sua assessoria, lembrou que pretendeu levar para São José a produção dos modelos Cruze, Cobalt e Spin, mas que não conseguiu chegar a um acordo com o sindicato. Esses carros são feitos hoje em São Caetano do Sul (SP), onde, segundo a GM, teve de ser aberto um terceiro turno de produção.

SINDICATO RESPONDE

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, filiado à CUT, rebateu as informações da GM e disse a UOL Carros que a empresa quer, sim, demitir cerca de 2.000 trabalhadores, especificamente aquele que têm salários maiores.

Antônio de Barros, presidente do sindicato, afirmou que nunca recebeu uma proposta formal da GM a respeito de Cruze, Cobalt e Spin. “O último contato oficial com a montadora foi em 2008, quando ficou decidido que São José fabricaria parte da produção da nova S10 e da Blazer”, disse.

Barros também disse que o aumento da participação de carros importados no portfólio da GM causou uma redução de 25 mil unidades na produção nacional, cortando parte do bônus dos trabalhadores. O sindicalista disse que a entidade ofereceu como alternativa a nacionalização do Sonic. “Isso geraria 3.000 empregos diretos, mil a mais do que a GM quer cortar”, afirmou Barros.