A diversificação da oferta turística é a solução que a América Latina encontrou para combater a crise econômica mundial que afeta, especialmente, vários países europeus, lugar de origem de muitos turistas que visitam a região, explicaram nesta quinta-feira à Agência Efe especialistas no assunto.

“Obviamente que é uma preocupação para nós”, respondeu Antônio Azevedo, presidente da ABAV (Associação Brasileira de Agências de Viagens), organizadora da Feira das Américas.

“Não vai acontecer tão rápido como gostaríamos, mas vai demorar um pouco. O transporte aéreo continua sendo uma necessidade tanto para as viagens de negócios quanto para o lazer. Serão menos pessoas viajando, mas ao mesmo tempo, as empresas em crise precisam fazer mais viagens para fazer mais negócios”, explicou Azevedo.

A abertura do mercado para o turismo empresarial também foi destacada por Edmar Bull, presidente da Abracorp (Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas), que lembrou que “com a crise na Europa e nos Estados Unidos, as empresas clientes do turismo corporativo fazem mais eventos”.

Segundo José Eduardo Vallejo, diretor de Campanhas do Ministério do Turismo do Equador, apesar da crise econômica, a Espanha é “um mercado importante”, já que sua presença no país sul-americano cresceu em 8%.

Os dados recolhidos pelo Ministério indicam que os turistas espanhóis que viajam para o Equador têm, em média, idade entre 25 e 55 anos e um perfil executivo, de classe média-alta, que escolhe estabelecimentos de elite.

“Apesar de que para nós o mais importante é ressaltar o turismo consciente, um turismo que é sustentável, ético e responsável”, declarou o representante equatoriano.

Outro tipo de turismo é o oferecido pelo México, que, como detalhou à Efe Diana Pomar, diretora do Conselho de Promoção Turística do México no Brasil, buscou diferentes “nichos de mercado”.

“Já não é só o turismo de sol e praia, mas mostramos outras formas de vivenciar o México, através de sua cultura, arquitetura, religião, saúde e gastronomia”, afirmou Diana, que lembrou que os Estados Unidos são o país que mais envia turistas para o México, e que o Brasil, organizador de a Feira das Américas, é o sexto.

O Chile também está ampliando seus esforços promocionais na região para compensar a possível perda de clientes europeus, embora, segundo a subgerente de Mercado Latino-americano de Turismo do Chile, Debbie Feldman, o número de turistas oriundos da Grã-Bretanha, Alemanha, Itália e Espanha “se mantêm igual”.

“Estamos igual que no ano passado, talvez com um crescimento um pouco menor, mas com crescimento em qualquer caso”, afirmou à Efe e explicou que os principais mercados latino-americanos que interessam ao Chile são Brasil, Argentina, Colômbia e Peru.

Da mesma forma, Brasil e Argentina são os mercados que interessam ao Uruguai, por sua proximidade fronteiriça, como confirmou Mariella Volppe, que trabalha na Direção Nacional de Turismo, do Ministério do Turismo e Esporte uruguaio.

“É cedo para se avaliar a crise deste ano. Mas de todas as formas, para nós é compensada com o turismo regional”, disse a representante uruguaia.

Já o vice-presidente de Turismo da Colômbia, Enrique Stellabatti, informou que a Espanha continua sendo “o país que mais manda turistas” para o seu, embora “o ritmo tenha diminuído, mas continua em crescimento”.

O início das negociações de paz na Colômbia entre o governo de Juan Manuel Santos e a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) foi destacado por Stellabatti como um fator que vai ajudar a incrementar o turismo em seu país, embora “dentro de uma tendência que já existe”.

“Triplicamos o número de turistas internacionais entre 2004 e 2011, o que significa que o fator segurança já mudou”, afirmou.

A 40ª edição da ABAV – Feira das Américas de turismo – realizada no Riocentro na cidade do Rio de Janeiro, será encerrada amanhã.