Aeronautas e aeroviários decidiram dar um ultimato às empresas aéreas e aguardam até às 13h de quinta-feira por uma contraproposta que possa evitar uma paralisação programada nos aeroportos do país, disseram representantes do setor após reunião com o sindicato da companhia nesta quarta-feira.

A reunião começou no início da tarde e só terminou à noite, mas não houve acordo.

Segundo os representantes das entidades de classe, as empresas não avançaram em suas propostas e podem fazer uma nova contraproposta na quinta-feira, que será apreciada nas assembleias programadas nos maiores aeroportos do país.

“Sobre a mesa nada mudou em relação ao que já sabemos e não concordamos. A greve está decidida; amanhã até o começo da tarde as empresas vão apresentar uma nova proposta. Nas assembleias que acontecerão nos aeroportos é que vão decidir se mantêm a greve ou se prolonga e por quanto tempo”, declarou à Reuters a diretora do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziela Baggio.

“Já comunicamos às empresas quais voos são prioritários e quais devem decolar… vai ser um dia um pouco complicado para os usuários dos aeroportos”, acrescentou a dirigente sindical.

Os aeronautas, profissionais que trabalham no aviões, e aeroviários, trabalhadores que atuam em terra nos aeroportos, reivindicam aumento salarial acima da inflação, além de uma maior estabilidade no setor.

Os sindicatos alegam que a Gol demitiu 3 mil trabalhadores neste ano e, ainda, dispensou outros 850 com o encerramento das operações da Webjet.

A GOL contesta os números dos sindicatos de aeronautas e aeroviários. A companhia alega que demitiu esse ano 2.803 funcionários, mas, no mesmo período, contratou 1.396 profissionais. O saldo de demissões é, de acordo com a empresa, 1407 profissionais, sem considerar as 850 dispensas da Webjet.

“O governo está sendo conivente com tudo que vem acontecendo no setor. Empresta dinheiro às empresas, estimula fusões no setor, mas assiste a demissão de funcionários passivamente. Quem perde é o usuário”, disse à Reuters por telefone o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Marcelo Schmidt.

“A proposta das empresas é ridícula porque não repõe nem a inflação”, adicionou.

A paralisação de advertência, caso seja ratificada em assembleias que vão acontecer nos principais aeroportos do país, coloca pressão sobre as empresas aéreas em um período de forte demanda.

Os aeronautas e aeroviários farão também manifestações na quinta-feira nos principais aeroportos do país para chamar atenção dos usuários.

A data base da categoria é dezembro e coincide com o período de maior demanda nos aeroportos brasileiros.

O governo espera mais de 17 milhões de passageiros circulando pelos aeroportos entre o fim do ano e o começo do ano que vem, um aumento de quase 10 por cento ante o ano passado.