Trigo em Mato Grosso do Sul é tema de debate na Embrapa

Os participantes da V Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale, que está sendo realizada na Embrapa Agropecuária Oeste, de 25 a 28 de julho, puderam conhecer aspectos relacionados ao contexto agrícola da produção de trigo no Mato Grosso do Sul, por meio de palestra ministrada pelo presidente da Famasul – Federação […]

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Os participantes da V Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale, que está sendo realizada na Embrapa Agropecuária Oeste, de 25 a 28 de julho, puderam conhecer aspectos relacionados ao contexto agrícola da produção de trigo no Mato Grosso do Sul, por meio de palestra ministrada pelo presidente da Famasul – Federação de Agricultura e Pecuária em MS, Eduardo Correa Riedel.

Em sua apresentação, Riedel destacou que até 2050, o Brasil será responsável por 40% da demanda mundial de alimentos. No Brasil, 85% da população vive nas áreas urbanas. Em Mato Grosso do Sul, existem 60 mil produtores rurais, correspondendo a 15% da população total do Estado.

A área agrícola cultivada em Mato Grosso do Sul, corresponde a 9,8% de todo seu território, revelando grande potencial de crescimento. Segundo dados apresentados por Ridel, em 2010, o setor agrícola estadual foi responsável por R$ 27,9 bilhões do Produto Interno Bruto (PIB), o que corresponde a 16,51%. Além disso, foi responsável por exportações da ordem de US$ 1,48 bilhões no Estado, sendo que a soja e a carne foram os maiores responsáveis por esse resultado, enquanto o trigo ocupou apenas 0,7% desse montante.

Ele destacou ainda que nos últimos cinco anos, observou-se o surgimento e a consolidação de alguns pólos produtivos estaduais como a produção florestal e o complexo sucroalcooleiro, ambos com forte tendência de crescimento nos próximos anos. Quanto às lavouras de trigo destacou a forte concorrência do milho safrinha, que muitas vezes é plantado fora do período indicado pelo zoneamento agrícola, contribuindo com perdas para a agricultura do Estado, devido a estiagem ou as geadas. “Apesar disso, observa-se um aumento expressivo do cultivo de milho safrinha”, disse.

Segundo ele, a produção de trigo nos últimos 34 anos oscilou muito em MS. “Na segunda metade da década de 80, o cultivo de grãos de trigo foi muito incentivado na região, obtendo resultados produtivos positivos, refletindo o potencial da cultura. Porém, ao longo dos últimos 34 anos, houve uma redução da área plantada correspondente a 121%, implicando na redução de 87% na produção de trigo. Além disso, a produtividade média das lavouras de trigo, revelam que a produtividade da cultura tem ficado muito abaixo dos índices nacionais”, disse.

Riedel falou também sobre a importação de trigo no estado, que em 2008, foi de cerca de US$ 2 milhões, por meio da entrada de produtos provenientes da Argentina, Paraguai e Uruguai. Ele apresentou ainda os principais desafios para a triticultura no estado, tais como: política agrícola, logística e infra-estrutura (estradas ferrovias, hidrovias, entre outros), questões tributárias (perdas na agroindústria), inovação tecnológica (pacotes seguros de sementes, irrigação, entre outros), qualificação profissional e capacitação, gestão ambiental (sistema de produção adotado, agricultura de baixa emissão de carbono, entre outros) e insegurança jurídica (questões fundiárias).

Porém, enfatizou que políticas de financiamento e comercialização em prol das lavouras de trigo precisam ser fomentadas, como forma de proporcionar tanto a diversificação de cultura, quanto o uso de pacotes tecnológicos disponíveis para dar respostas aos produtores, no sentido de aumentar essa capacidade técnica produtiva estadual. “Precisamos nos unir para encontrar alternativas para que os produtores do Mato Grosso do Sul possam encontrar o modelo adequado que viabilize a retomada da produção de trigo no Estado, pois existe um potencial muito grande para produção de trigo na segunda safra”, finalizou ele.

A palestra foi realizada na manhã de quarta-feira, 27 de julho, quando o Chefe Geral da Embrapa Agropecuária Oeste, Fernando Lamas, agradeceu a disposição do palestrante em estar presente no evento e reconheceu a relevância de suas considerações, devido ao conhecimento que Riedel detêm sobre a região. Participam do evento, que se encerra na quinta-feira, 28 de julho, cerca de 180 pesquisadores dos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Paraná, Minas Gerais, Distrito Federal e Goiás. A V Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale é uma realização da Embrapa Trigo e Embrapa Agropecuária Oeste e conta com apoio da BASF, Syngenta e Grupo Dallas.

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