Forças de segurança apoiadas por unidades do exército abriram fogo hoje contra manifestantes que pediam a deposição do presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, matando três pessoas, segundo um representante de oposição. No total, dezenas de milhares de manifestantes se mobilizaram em diversas cidades e vilarejos, de acordo com ativistas. Trata-se da mais recente demonstração de insatisfação, em protestos que vêm sendo realizados diariamente contra Saleh há quase três meses.

Um rebelde foi morto no porto de Hodeida, no oeste do país, e outros dois na cidade de Taiz, ao Sul, quando as forças de elite da Guarda Republicana tentaram dispersar os manifestantes atirando para o alto, de acordo com o ativista Nouh al-Wafi. Estima-se que mais de 140 pessoas tenham sido mortas pela repressão do governo desde o início da onda de protestos.

O ativista Bushra al-Maktari, em Taiz, disse que insurgentes jovens se mobilizaram até a principal rua da cidade, onde montaram barracas e expandiram uma manifestação pacífica que começou em 11 de fevereiro. Na cidade sulista de Aden, milhares de pessoas marcharam contra Saleh e pediram a libertação de presos.

Um acordo avançava para que Saleh deixasse o poder – negociado pelo Conselho de Cooperação do Golfo -, mas parece agora perto do colapso, pois o presidente afirmou neste fim de semana que pedirá a seus assessores que assinem, e não o fará ele mesmo. O impasse resultante ameaça mergulhar a nação instável num mar de desordem ainda mais profundo.

A mediação do plano de acordo parecia perto do sucesso uma semana atrás, pois tanto a oposição quanto Saleh haviam concordado em assiná-lo, até que o presidente mudou de ideia alguns dias antes da cerimônia de assinatura. O plano faria com que Saleh renunciasse dentro de 30 dias, com a promessa de que ficaria imune a eventuais acusações. Haveria a formação de um governo de unidade que conduziria o país a eleições.

A violenta repressão do governo sobre os manifestantes levou vários comandantes militares, membros do partido de situação e diplomatas a desertar para a oposição, deixando Saleh com opções cada vez menores para governar. O Iêmen, país ao sul da Arábia Saudita, há anos vem enfrentando forte corrupção, um governo central fraco, uma rebelião xiita ao norte, um movimento de secessão ao sul e tem um dos mais ativos braços da Al-Qaeda funcionando em terras remotas. As informações são da Associated Press.