Em 2010, o SOS criança contabilizou 2.207 denúncias de maus-tratos, violência física e sexual contra crianças e adolescentes. Desse total, 1.895 dos casos foram procedentes e tiveram seus direitos violados, ou seja, se confirmaram após fiscalização do órgão ligado a Secretaria de Trabalho e Assistência Social (Setas). Segundo estatísticas divulgadas pela Coordenadoria de Proteção Social e Especial da Setas, em 2009, o número de denúncias foi maior, totalizando 2.947 acusações.

De acordo com a diretora do órgão, Marli Tonente, a principal diminuição é do número de reincidências. Muitas delas foram resultado de trabalhos e parcerias firmados ao longo dos 18 anos de existência do órgão, que trabalham firmemente no combate à violência contra crianças e adolescentes.

“Desde que retomamos o órgão em 2003, temos vários parceiros que contribuem para a resolução dos casos após as denúncias que recebemos. Acredito que essa parceria inibe o agressor, pois ele sabe que o trabalho envolve várias instituições”, explica a diretora, sobre a parceria no combate à violência, que é realizada com Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA), Serviço de Acolhimento, IML, Conselhos Tutelares, escolas e Centros de Educação Infantil.

O SOS Criança atendeu no ano passado 2.252 crianças e adolescentes, recebendo as denúncias, encaminhando-as à Delegacia e promovendo ações de combate à violência física e psicológica contra crianças. De 1.895 casos procedentes em 2010, a maioria deles foi de violência física totalizando 586 casos. Em relação às denúncias de violência sexual, foram registrados 219 casos; 121 deles dentro da família e 118 casos notificados fora do ambiente familiar.

As estatísticas revelam que em 2010 houve aumento de denúncias de violência sexual dentro da família – situação atípica em Mato Grosso do Sul, já que nos anos anteriores, a maioria das denúncias de violência sexual era de pessoas que não apresentavam parentesco com a vítima.

“O Estado era o único diferente dos outros. Antes, o maior número de violência sexual era de pessoas de fora do ambiente familiar”, avalia a diretora. Segundo Marli, neste caso de violência dentra família, muitas delas são informadas pelas escolas e centros educacionais, onde é feito o trabalho de conscientização feita pelo órgão junto às escolas. “As vítimas muitas vezes contam ao colega de escola e também ao professor, que por sua vez, aciona imediatamente o SOS Criança”.

O órgão atua há cerca de 18 anos em Mato Grosso do Sul. No interior do Estado, trabalha através dos conselhos tutelares regionais. Para denunciar, basta ligar para o número 0800 647 1323 ou (67) 3381-6000. O solicitante não precisa se identificar.

De acordo com o órgão, 90% dos chamados são de procedência anônima. O SOS atende com profissionais capacitados, são duas assistentes sociais e três psicólogos à disposição do órgão para atender os casos. Na Capital, está localizada no Centro Integrado de Proteção à Criança e ao Adolescente (Criac), localizado na rua Arquiteto Vila Nova Artigas, s/n, no bairro Aero Rancho, ao lado do Hospital Regional.