Sem citar Jobim, Dilma empossa Amorim e fala em disciplina

Ao empossar nesta segunda-feira (8) o novo ministro da Defesa, Celso Amorim, a presidente Dilma Rousseff utilizou seu discurso para mandar recados velados ao antecessor da pasta, Nelson Jobim – que deixou o governo após criticar as ministras Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil) – e aos militares, que esboçaram críticas reservadas […]

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Ao empossar nesta segunda-feira (8) o novo ministro da Defesa, Celso Amorim, a presidente Dilma Rousseff utilizou seu discurso para mandar recados velados ao antecessor da pasta, Nelson Jobim – que deixou o governo após criticar as ministras Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil) – e aos militares, que esboçaram críticas reservadas após o anúncio do novo chefe da pasta.

“A lógica do Ministério da Defesa é a disciplina, a competência e a dedicação. A ideologia do Ministério da Defesa é o respeito à Constituição e a subordinação ao interesse nacional. O partido do Ministério da Defesa é a pátria. Trocas de comando fazem parte da rotina desde que se troque o comando e não deixe de fazer o que precisa ser feito”, disse a presidente, que não fez qualquer menção a Jobim durante a solenidade de posse. O ex-ministro alegou estar com suspeita de dengue, supostamente contraída nas viagens que fez a Tabatinga e São Gabriel da Cachoeira, para não estar presente à cerimônia.

“Foi com cuidado e com a devida reflexão que convidei o embaixador Celso Amorim para cargo. O convoquei porque tenho convicção de que é o homem certo para o lugar certo. Muitos projetos estratégicos estão em andamento na Defesa. São projetos que não podem ter rupturas, atrasos e adiamentos. Escolhi o ex-ministro Celso Amorim porque tenho certeza absoluta (…) que com ele esses projetos terão continuidade e ganharão maior velocidade e solidez”, disse a presidente antes de traçar um perfil da carreira do novo ministro da Defesa.

“Celso Amorim é um homem de Estado, um funcionário de carreira e um profissional dedicado ao Brasil. Foi assim como chanceler do presidente Itamar Franco, foi assim como representante da ONU (Organização das Nações Unidas) e de organismos internacionais de comércio durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, foi assim também como ministro de Relações Exteriores do governo Lula, quando o Brasil foi elevado à condição de protagonista com voz ativa no cenário mundial e sujeito do próprio destino”, afirmou.

A demissão de Jobim

O ex-ministro da Defesa, Nelson Jobim (PMDB), entregou sua carta de demissão à presidente Dilma Rousseff no dia 4 de agosto. Sua situação se tornou insustentável no governo após declarações dadas à revista Piauí em que teria considerado a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, “muito fraquinha” e dito que a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, “sequer conhece Brasília”. Jobim negou ter feito as críticas e disse que as informações seriam “parte de um jogo de intrigas”. Mas, segundo fontes, Dilma já havia decidido demitir o ministro caso ele não abandonasse o cargo por conta própria. Para seu lugar, a presidente escolheu o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim.

A situação de Jobim à frente da pasta já vinha se deteriorando por outras declarações à imprensa que geraram mal-estar no governo. Em uma entrevista, ele afirmou ter votado no tucano José Serra, principal adversário de Dilma, nas eleições presidenciais do ano passado. No início de julho, em uma cerimônia em homenagem ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) – de quem ele foi ministro da Justiça entre 1995 e 1997 – no Senado Federal, ele citou o dramaturgo Nelson Rodrigues dizendo que “os idiotas perderam a modéstia”. A fala foi interpretada como uma insatisfação do ministro com sua situação no governo. Mais tarde, contudo, ele disse que se referia a jornalistas.

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