A crise que envolve o PT no município de Maracaju, desde a expulsão de três militantes históricos, vem ganhando desdobramentos e trazendo a tona uma crise que se alastra por todo o Partido em Mato Grosso do Sul. Rachado em duas correntes, uma liderada pelo senador Delcídio do Amaral e outra representada pelo grupo do ex-governador Zeca do PT, o partido vem acumulando baixas e animosidades nesta caminhada para as eleições municipais de 2012.

O caso Maracaju teve início em 13 de fevereiro deste ano, quando, em convenção extraordinária, os membros do Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores decidiram romper a aliança com o prefeito Celso Vargas (PDT), então no PTB, acusado pelo presidente regional do PT, Marcus Garcia, de estar conduzindo a administração municipal sem considerar as propostas filosóficas do partido, “e o PT entende que se é para participar da administração sem ser ouvido, é melhor cair fora”, conforme avaliou.

Até esse momento, os petistas estavam na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, ocupada pelo vice-prefeito Alberto do PT, que anunciou a disposição de entregar o cargo. Ermeto Lazzaretti, Secretário de Obras, anunciou que não deixaria o cargo mesmo diante da pressão dos dirigentes partidários. Na ocasião, Marcus Garcia informou que todos os petistas que ocupavam cargos em comissão na administração, deveriam entregá-los, sob pena de enfrentarem processos de expulsão.

Após o rompimento, três filiados foram expulsos: Ermeto Lazzaretti, ex-vereador, Secretário de Obras até 25 de agosto, da administração Celso Vargas, fundador do Partido dos Trabalhadores em Maracaju; Paulo Kuramoto, atual Diretor de Recursos Humanos da Prefeitura de Maracaju, e Iraci Padilha, Secretária de Desenvolvimento Econômico e , ainda no cargo.

Ermeto relatou que o diretório de Maracaju vem sofrendo grande pressão de parte do senador Delcídio do Amaral, no sentido de enfraquecer a corrente ligada ao ex-governador petista, e que fez questão de afastar todos os militantes ligados a Zeca do PT. Ele lembra ainda que no início da campanha de Delcídio ao senado, quando os números apontavam 1% de intenções de voto, estes militantes saíram às ruas para fortalecimento de sua candidatura, que teve expressivo número de votos na região.

Ermeto Ainda questiona o fato de a prefeita de Santa Rita do Pardo, Eledir Barcelos de Souza (PT), ter formalizado acordos com o governador André Puccinelli (PMDB), contrariando determinações partidárias, sem que o diretório lhe interpusesse qualquer reprimenda.

Ermeto também acusa o presidente regional do Partido, Marcus Garcia, o deputado federal Antonio Carlos Biffi, e o deputado estadual Pedro Kemp de descaracterizarem o partido em função de Delcídio do Amaral que, segundo ele, “caiu de paraquedas no partido com o qual não tem afinidade”.

Instalada a crise, Delcídio publicou em seu twitter : “Crise no PT de Maracaju-MS? Nem eu sei quem são os caras! Pra cima de mim não violão!!!!!!!!!”. As respostas vindas de Maracaju não tardaram e foram de estranhamento: “para um político do partido que ocupa o cargo de senador e diz não conheçer a militância de 10, 15, 20 anos, aqui do Estado, ou Delcídio não acompanha seus assessores, ou seus assessores agem em seu nome, sem o seu consentimento”, considera um militante em mensagem enviada por e-mail à redação do Midiamax.

De qualquer forma é questionável o anunciado rompimento com o prefeito Celso Vargas e a expulsão dos militantes que permaneceram nos cargos em comissão quando o deputado federal Vander Loubet (PT), em recente visita à cidade, acompanhando Dagoberto Nogueira (PDT) em cerimônia de filiação, declara “[…]o prefeito Celso está fazendo uma administração única em Maracaju, e isso é ainda mais gratificante e tudo indica que caminharemos juntos, PDT e PT nas próximas eleições”.