Projeto de lei divide opiniões sobre matança de animais para prevenção de leishmaniose
Um projeto de lei que tramita na Câmara Federal prevê o fim da obrigatoriedade de sacrifício de animais infectados pela leishmaniose. A ideia é defendida por médicos veterinários de Campo Grande, como o coordenador da Comissão de Leishmaniose do Conselho Regional de Medicina Veterinária, André Luís Soares da Fonseca. “Estima-se que, somente neste ano, cerca de 12 […]
Um projeto de lei que tramita na Câmara Federal prevê o fim da obrigatoriedade de sacrifício de animais infectados pela leishmaniose. A ideia é defendida por médicos veterinários de Campo Grande, como o coordenador da Comissão de Leishmaniose do Conselho Regional de Medicina Veterinária, André Luís Soares da Fonseca.
“Estima-se que, somente neste ano, cerca de 12 mil cães tenham sido eutanasiados na Capital, uma matança de cachorros sem necessidade, já que para prevenir que a doença seja transmitida ao ser humano é preciso fazer o controle do vetor, o mosquito flebótomo”, diz o veterinário.
O médico veterinário Cristiano Marcelo Espínola defende que é difícil para um veterinário conceber a eutanásia de cães, a não ser em estágios avançados da doença. “O animal em tratamento fica ainda com parasitas dentro do corpo, mas a carga parasitária diminui. Por esse motivo o Ministério da Saúde indica a morte do animal”, esclarece.
“Apesar disso, o animal fica menos infectivo e há medidas para controlar a transmissão da doença, como a colocação de coleiras repelentes de mosquito nos animais, limpeza de terrenos baldios e controle da população de mosquito. É uma questão complicada, porque se fosse fácil controlar mosquito não teríamos mais a dengue e nem a febre amarela”, explica.
Segundo a veterinária do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) Doutora Iara Helena Domingos, a determinação do Ministério da Saúde é eutanasiar os cachorros com a doença. “Não adianta o CCZ falar em tratamento, se a determinação do Ministério é matar. É proibido tratar um cão com leishmaniose”, disse.
A presidente de uma ONG que cuida de animais, o Abrigo dos Bichos, Maria Lúcia Metello, explica que uma ação civil pública movida desde 2007 pede o número de animais mortos pelo CCZ. “É uma caixa preta, ninguém tem acesso a esse dado, que deveria ser público para estudarmos medidas de prevenção à doença”, explica Maria Lúcia. A assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Saúde confirma que este é um dado sigiloso da prefeitura.
Soraia Salete Esteves tem uma cachorra de dois anos que tem a leishmaniose há cerca de um ano. “O CCZ apenas ligou na minha casa comunicando que a minha cachorra tinha a doença. Eu procurei uma veterinária e faço o tratamento dela há um ano, que cura apenas os sintomas. Os pêlos pararam de cair e as feridas ficaram cicatrizadas”, disse.
Para proteger a família da doença, Soraia mantém o quintal limpo e burrifa citronela na casa e no quintal, além de usar repelente na cachorra.
O projeto é de autoria do deputado federal Geraldo Resende (PMDB/MS).
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