Enxergar na arte uma possibilidade de resgatar menores infratores é a ideia central do projeto de extensão desenvolvido por professores e acadêmicos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Coordenado pelos docentes de Artes Visuais Paulo Paes e Darwin Antonio Longo de Oliveira, o projeto tem envolvimento de alunos dos cursos de Artes Visuais, Ciências Sociais, Economia e Pedagogia.

Segundo o professor Darwin Longo, foram criados grupos com os acadêmicos que trabalharão nas três Uneis de Campo Grande. As de grafite e hip hop têm previsão de início próxima quarta-feira (28), e terminam no final de novembro. “Acredito na oportunidade de criar um canal de comunicação que dê a eles possibilidades de dizer algo à sociedade e a eles mesmos”.

Para Longo, a proximidade dos adolescentes com o grafite ajuda a estimulá-los a repensar a vida, as atitudes, e proporcionar realização pessoal a eles. “Queremos mostrar para os meninos que eles têm potencial para trabalhar com artes e que podem encontrar novos caminhos”, diz o professor.

No primeiro semestre de 2011, os alunos fizeram um curso de preparação com duração de seis meses. “Eles estão aptos para iniciarem o curso nas Uneis”, garante Longo. Após a conclusão das oficinas, será feito, junto com os internos, um mural de grafite nos muros das próprias unidades de internação.

Para a acadêmica de Ciências Sociais Karoline Santana Fernandes, as oficinas são importantes para socializar os adolescentes. “Na maioria das vezes, pensamos que eles escolheram essa vida, mas essa foi a realidade na qual cresceram. Levamos aos internos uma carga de teoria que não é acessível a eles, é uma tentativa de construção do dia a dia”.

Na primeira edição do projeto, desenvolvida em 2010, o resultado foi animador. “Conseguimos criar grafites muito bons, e despertamos novos ideais nos adolescentes”, conta o professor Darwin.

Doações

A fim de levar novas perspectivas ao projeto, os alunos tiveram a ideia de recolher doações de gibis para levarem aos internos. Recebemos pouca ainda, mas tem muita gente prometendo que vai trazer. “O tempo de oficina é curto, então pensamos em deixar algum material para eles, para incentivar a leitura”, diz Karoline. As doações podem ser feitas até o final de novembro, na Unidade VI da UFMS, localizado perto da biblioteca.