Terminou por volta das 12h, a audiência de defesa e interrogatório do caso da morte da cabeleireira Cláudia Bueno França, 34, e da estudante de Direito Regina Bueno França, de 40 anos, mortas na noite do dia 30 de novembro e encontradas na tarde de 1° de dezembro na casa de Cláudia, na rua Maurício de Nassau, bairro Tijuca I, em Campo Grande.

As duas foram encontradas degoladas, cada uma em um quarto da residência. Éder Rampagne Castedo, 30, o “Corumbá”, é acusado de ter ordenado de dentro do presídio, a execução por vingança, Cristian Rampagne Castedo, 34, irmão de Éder, responde como o autor do crime com a ajuda de Weber de Souza Barreto, 23, o “Ebinho”. Weber conta que a sua participação foi apenas de tê-lo levado ao local do crime. 

Lorraine Rorys Silva, a Lola, 27 também é apontada como uma das mandantes, segundo informações da polícia na época em que foi presa.

De acordo com o laudo da perícia, apenas uma pegada de tênis, apreendido junto com Cristian, foi encontrada dentro da casa. Na audiência foi negado o pedido de exames que comprovassem a insanidade mental de Cristinan, o principal acusado do crime. Também houve troca de acusação dos réus durante depoimento.

O primeiro a falar foi o perito Domingos Sávio Ribas, que confirmou que quem saiu ensanguentado da casa foi Cristian. Posteriormente quem prestou depoimento foi o cabeleireiro Claudemir Bravo Millian, que disse que “elas [as vítimas] acharam o que procuraram”.

Claudemir também contou perante o juiz criminal Aluízio Pereira dos Santos, que sustentou Regina praticamente até a data que morreu. “Eu era extorquido pela Regina”.

Posteriormente, Cristian, autor confesso do crime no inquérito policial, preferiu ficar em silêncio em seu depoimento.

O juiz negou o pedido do advogado de defesa, Carlos Olimpio de Oliveira Neto de exames que comprovem a insanidade mental do cliente. Segundo o magistrado, Cristian confessou o crime em detalhes e respondeu a perguntas feitas, caso que comprova que o réu está orientado.

Já Weber relatou que a mando de Éder, iriam apenas dar um susto em Cláudia e Lorraine, porém a Regina apareceu na “hora e no local errado”.

Weber informou que, como Éder foi preso em sua casa, por estar evadido da Colônia Penal Agrícola, passou a ser ameaçado. Segundo ele, “Corumbá” acreditava que ele, Lorraine e Cláudia o teriam denunciado. De acordo com Weber, ele e sua família foram ameaçados, além de ter sido extorquido em ao menos R$ 3 mil.

Weber descreveu que pegou Cristian no bairro Aero Rancho, o levou, e com uma arma e faca rendeu as duas na casa. “Entrei na hora que ele falou para entrar e levar um fio de extensão que estava no meu carro, só fiquei no portão e depois vi ele saindo cheio de sangue”.

Ele também afirma que escutou um som parecido com um desentupimento de fossa, nenhuma das vítimas teria gritado. Weber acredita que o crucial para Cristian ter matado as duas foi porque, Regina o teria chamado de “badidinho de m….”.

Após o crime o autor saiu do local falando frases parecidas com de quem participa de um ritual de magia negra. Ponto que serviu de gancho para a defesa pedir exames de insanidade. Da casa Cristian ainda furtou um DVD e tela de computador.

Após o crime, Éder teria ligado para o irmão de dentro do presídio. Weber afirmou que conheceu Éder através de Lorraine e que teria prometido uma carta de emprego ao mesmo que estava foragido da Colônia Penal.

Em depoimento Éder negou autoria do mando, disse que ficou sabendo do crime pela TV dentro da prisão, negou as extorsões e ameaças e relembrou da data em que Lorraine com quem já teve um caso, foi à casa de sua esposa pegar pertences, roupas e contado que ele enganava as duas.

Encerrando os depoimentos, Lorraine reafirmou que Éder foi o mandante do duplo homicídio, na qual ela, Regina e Cláudia teriam denunciado que ele estava foragido. “A única coisa que eu fiz foi de ter ido na casa da Janaína (esposa de Éder), pedido a roupas que eu dei de volta, e ter falado que nós duas estávamos sendo ameaçadas”, disse. Lorraine foi presa pela polícia junto com os pertences de “Corumbá”.

O juiz negou o pedido de liberdade provisória a Lorraine.

Agora a justiça aguarda um prazo de 20 dias para as alegações finais para anunciar se os réus vão a júri popular.

Os acusados respondem por duplo homicídio triplamente qualificado por motivo torpe através de meios cruéis sem chance de defesa às vítimas em cada crime, com pena de 12 a 30 anos de prisão. Além disso, Cristian também responde por furto, com pena de 1 a 4 anos.