O presidente da Comissão de Ética da Presidência da República, Sepúlveda Pertence, evitou comentar, na manhã desta quinta-feira (1º), a decisão da presidenta Dilma Rousseff de solicitar do colegiado os elementos que fundamentaram a decisão de recomendar a demissão do ministro do Trabalho, Carlos Lupi. “Não vou comentar porque ainda não recebi o ofício da presidenta”, disse.

O ofício será enviado pela Casa Civil ainda hoje à comissão. A decisão de aconselhar, por unanimidade, o deligamento de Lupi foi tomada ontem (30), na última reunião ordinária do ano. Os conselheiros decidiram também sugerir a aplicação de uma advertência.

A comissão encaminhou a decisão à presidenta Dilma no início da noite de ontem, e o primeiro compromisso dela hoje, pela manhã, foi conversar pessoalmente com o ministro Carlos Lupi. Após o encontro, Dilma decidiu pedir a ata da reunião de ontem e até a degravação dos diálogos.

A ministra da Secretaria de Comunicação do governo, Helena Chagas, informou também que, na conversa com Dilma, Lupi informou que pedirá uma reconsideração da Comissão de Ética sobre o caso.

O ministro é suspeito de fazer parte de um esquema de favorecimento e cobrança de propinas no Ministério do Trabalho, além do uso irregular de um jatinho alugado pelo empresário Adair Meira, durante viagem ao Maranhão. O empresário é responsável por organizações não governamentais que mantêm convênio com o Ministério do Trabalho.

Para sugerir a demissão do ministro, a comissão se baseou nas matérias publicadas na imprensa e também considerou que sua defesa foi inconsistente. Além disso, os conselheiros se convenceram, ao analisar os acontecimentos, de que Lupi mentiu ao Congresso, à imprensa e à própria comissão ao apresentar suas justificativas.