Prefeitura de São Gabriel quer entregar administração do hospital a fundação privada
Prefeito de São Gabriel do Oeste quer privatizar saúde municipal do SUS, a exemplo de projeto de lei do governo do estado.
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Prefeito de São Gabriel do Oeste quer privatizar saúde municipal do SUS, a exemplo de projeto de lei do governo do estado.
O prefeitode São Gabriel do Oeste quer entregar o único hospital municipal do SUS da cidade a uma entidade social sem fins lucrativos de São Paulo – a Fundação São Camilo, ligada ao hospital São Camilo.
A proposta do prefeito Sérgio Luiz Marcon (PSDB), eleito em 2008, foi feita em uma reunião com os diretores e funcionários da Funsaúde (Fundação de Saúde de São Gabriel) que dirige o hospital, e de dirigentes do sindicato municipal dos Enfermeiros.
Na reunião, o prefeito afirmou que além de repassar o hospital para a Fundação São Camilo, ainda pretende demitir todos os funcionários, que passaram por concurso público antes de assumir os respectivos cargos e funções.
E mais um dado preocupa a grande maioria dos moradores da cidade, que depende do SUS. O prefeito quer, ainda, que depois de repassado para a fundação paulista, o hospital do SUS venha a atender, conjuntamente, pacientes particulares e de convênios privados.
Segundo o atual diretor clínico do hospital, Renato Cesar Oliveira Sobrinho, o hospital, que é SUS total desde 2002, realiza 12 mil atendimentos/mês, 3.000 mil/mês no OS, e 11 cirurgias SUS/mês. “Em média, uma cirurgia eletiva aqui não demora mais que três meses, enquanto no Hospital Regional em Campo Grande, uma eletiva pode cair numa fila de espera de quase três anos”, ressalta ele.
O diretor-clínico acha que os pacientes do SUS podem perder qualidade no atendimento, caso a proposta se concretize. “O hospital hoje não tem estrutura para atender particulares, isso só seria possível com um investimento alto, mas a maior preocupação é que, se a proposta do prefeito vingar, quem garante que haverá estrutura para atender, de forma digna, todos os usuários do SUS da mesma forma como tem sido feito até hoje?”, indaga ele.
Onorildo de Souza, presidente da Associação dos Moradores do Bairro Fênix, um dos mais populosos da cidade, cujos moradores são usuários do SUS, os riscos da queda de qualidade são grandes.
“Nós encaramos isso como um risco para a nossa comunidade, que depende do SUS, depois da notificação extraoficial que recebemos. O serviço está a contento, apesar das dificuldades que o SUS tem, porque os moradores não enfrentam filas demoradas, como em hospital de campo Grande – o HR e a Santa casa”, garante ele.
Convicto, Onorildo ainda garante que haverá uma mobilização para evitar a privatização do hospital de São Gabriel do Oeste. “A sociedade ainda não está inteiramente informada, mas vamos acompanhar de perto e proteger o patrimônio público” afirma. O presidente da associação se refere ao fato de que o hospital, seus equipamentos e funcionários são todos decorrentes do SUS, e seriam repassados para a Fundação São Camilo – à exceção dos funcionários, que seriam demitidos.
Para o vereador Osmar Alves, presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, a população certamente será prejudicada com a privatização.
“O que a gente está entendendo é que isso vai trazer prejuízo para a própria população. Esse hospital sempre foi bem administrado pelas seguidas administrações municipais, se bem que o atual prefeito cortou médicos especializados como neurologista, ortopedista, pediatra. São os funcionários que dão a vida para o hospital andar, mas na atual gestão a qualidade diminuiu, e agora ele querem privatizar” garante ele.
“Isso só serve para a prefeitura se livrar da gestão do SUS na cidade, se livrar do problema, mas a administração tem que ver a questão como direito do cidadão. Vamos mobilizar a sociedade,” garante o vereador.
A presidente do sindicato dos Servidores da Saúdedo município, Janaína Monteiro afirma que “a apreensão do sindicato, além da perda do emprego dos servidores municipais concursados, é com os usuários do SUS”.
Segundo Janaína Monteiro, o padrão pode cair porque hoje o hospital trabalha sem cotas para exames, como por exemplo, ultrassom e raio-x, fato que não ocorre em outros hospitais. “A nossa preocupação é manter, e melhorar, os serviços que temos para a população”.
Segundo a presidente do sindicato dos Servidores da Saúde, o prefeito chegou a afirmar, em reunião na qual ela estava presente, “que o maior problema da cidade é que as pessoas que têm convênio e atendimentos particulares não têm para onde ir, e essa demanda acaba sendo absorvida pelo hospital municipal”. Segunda ela, daí decorre a iniciativa de privatizar e atender convênios e particulares no hospital municipal 100% SUS de São Gabriel do Oeste.
Veja o vídeo:
Hospitais da Fundação São Camilo têm problemas graves
Troca de bebê negro por branco, pacientes idosos que morrem em fila de espera e condenação na justiça por obrigar funcionário a comprar uniforme são problemas graves gerados pela privatização de hospitais públicos de Rondonópolis (MT) e Itabira (MG).
A troca de bebês, ocorrida em 1975, em Minas Gerais, mesmo com o protesto da mãe, gerou a separação do casal, por acusação de adultério, e o abandono familiar da criança, quando adolescente.
A fundação foi condenada em indenizar a família em R$ 26 mil, corrigidos monetariamente desde om início da ação judicial.
Já em Rondonópolis, o Conselho Municipal de Saúde encontrou um grupo de 37 pacientes em situação grave, esperando por cirurgia.
A reportagem do Midiamax teve acesso a um áudio de baixa qualidade com a fala do prefeito. O principal argumento apresentado por ele na reunião foi que a Fundação Beneficente São Camilo tem alta especialização, hospital próprio e faculdade, dirige outros 45 hospitais do país e obtém descontos em medicamentos, da ordem de 30% por cento, que São Gabriel do Oeste não possui.
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