População reclama de problemas nas lagoas que deram nome a município de MS
Após denuncias da população, a reportagem do Midiamax esteve nos locais que originaram o nome do município de Três Lagoas.
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Após denuncias da população, a reportagem do Midiamax esteve nos locais que originaram o nome do município de Três Lagoas.
A afirmação pode ser confirmada por qualquer um que
visitar uma das três lagoas, responsáveis pela origem do nome do Município de
Três Lagoas. É fácil notar que há problemas graves em todas.
As situações são distintas, mas a reportagem comprovou a reclamação da população – abandono das prioridades para proteção ao meio ambiente e falta de manutenção asfáltica.
Lagoa Maior,
cartão postal de Três Lagoas
Na Lagoa Maior, ou Terceira, o caos está na via que
a rodeia. Em determinados trechos, os buracos se estendem de uma sarjeta a
outra. Os motoristas conscientes são obrigados a praticamente parar e ir,
vagarosamente, buscando atravessar a cratera. A pena aos imprudentes é de avarias no veículo.
Segundo o técnico em meio ambiente e morador nas
proximidades da Lagoa Maior, Manoel Pimenta, o problema é provocado por um
lençol freático que passa por ali.
“Sem medidas coerentes, relevando a
existência do lençol naquela região, as obras são apenas paliativas, ou seja,
temporárias”, explicou.
Pimenta alega que a Micro Bacia do Córrego da Onça,
a qual as três lagoas pertencem, é um sistema frágil, na qual as interferências
humanas produzem graves efeitos nocivos.
Segunda
Lagoa
Na Segunda Lagoa, como é chamada, a própria
Secretaria Municipal de Meio Ambiente reconhece a suspeita da existência de
ligações clandestinas, supostamente feitas por alguns moradores, que canalizam
o esgoto de sua residência até a rede de drenagem pluvial. Através das
galerias, construídas pela Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos,
chegam junto com a água da chuva à referida Lagoa.
“A Secretaria de Obras é a responsável pela
construção das galerias para drenagem. Não temos participação no que diz
respeito às medidas adotadas para escoar as águas das chuvas. Ainda não há nada
comprovado, mas suspeitamos de que há ligações clandestinas de esgoto feitas
por moradores”, disse uma das servidoras, bióloga, em nome da Secretaria.
Motel a céu
aberto
Um colchão velho, com uma peça íntima jogada em
cima, próximo a margem da Segunda Lagoa, denuncia a existência de um motel a
céu aberto. Os moradores mais antigos confirmam que, há tempos, o local é usado
como “motel ao ar livre”. Travestis e prostitutas, que fazem ponto pelas
redondezas, provavelmente utilizam o espaço para suas atividades.
“Sempre soubemos disso. Faz parte da rotina noturna
desta Lagoa. Também temos problemas constantes com carniças de animais mortos
jogados pela população”, denunciou um dos moradores, que não quis se identificar.
Contudo, outro morador, seu Carolino Alves de
Souza, de 83 anos, aprecia morar bem próximo à Segunda Lagoa. “Vim do nordeste
sem nada. Agora tenho esta casa. Acordo todos os dias, antes do sol raiar, para
cuidar da minha horta. Dela e dos tapetes que minha esposa fabrica, tiramos
nosso sustento. Se eu morasse em outro lugar, talvez as hortaliças não seriam
tão viçosas”, falou emocionado.
Ocupação
indevida e possível assoreamento na Primeira Lagoa
Apesar das reclamações quanto à expansão das
margens da Primeira Lagoa – ou Terceira, por ser a menor delas – estar
provocando alagamento de chácaras ao redor, os proprietários podem ser os
maiores causadores do fato.
Tanto a Secretaria Municipal de Meio Ambiente
quanto Manoel Pimenta são consensuais sobre a ocupação indevida nas Áreas de
Preservação Permanente (APPs).
“Segundo o Código Florestal Brasileiro, rios, lagos
e lagoas têm espaço de 30 metros, contados a partir da margem. São as chamadas
APPs. Neste caso, a Primeira Lagoa pode estar ampliando a sua área, mas isso faz
parte do processo natural, provocado pela grande incidência de chuvas neste verão.
Todos aqueles que construíram dentro de sua APP estão irregulares”, explicou
Pimenta.
O ambientalista alerta que a ausência de vegetação
natural em torno da Primeira levanta indícios de que pode estar ocorrendo um princípio
de assoreamento.
“Os proprietários de chácaras nas proximidades não
tiveram a preocupação em manter a vegetação nativa. Isso pode ser um dos
fatores que propiciaram a expansão das águas”, finalizou.
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