Polêmica em torno de Battisti vira destaque na página do governo da Itália

A polêmica em torno da extradição do ex-ativista político italiano Cesare Battisti, de 52 anos, é tema do principal comunicado publicado hoje (5) na página do governo da Itália (http://www.governo.it/Notizie/Palazzo%20Chigi/dettaglio.asp?d=61701). No texto, o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, reitera que a insistência para que Battisti cumpra pena de prisão perpétua…

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A polêmica em torno da extradição do ex-ativista político italiano Cesare Battisti, de 52 anos, é tema do principal comunicado publicado hoje (5) na página do governo da Itália (http://www.governo.it/Notizie/Palazzo%20Chigi/dettaglio.asp?d=61701).

No texto, o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, reitera que a insistência para que Battisti cumpra pena de prisão perpétua na Itália é uma questão de “justiça” e não de “vingança”. Berlusconi ratifica que as relações entre a Itália e o Brasil não serão afetadas.

“Não é uma questão de vingança”, disse o primeiro-ministro. “É de justiça.” De acordo com ele, o caso será debatido na segunda quinzena deste mês em uma sessão promovida na sede da União Europeia, em Bruxelas, na Bélgica. Em seguida, Berlusconi, no comunicado, afirma que o assunto pode ser levado ao Tribunal de Haia, na Holanda, que se destina a analisar situações específicas apresentadas pelas Nações Unidas.

Battisti é acusado de participação em quatro assassinatos, nos anos 70, na Itália. Em um dos embates com a polícia italiana, Alberto Torregiani, filho de um joalheiro morto em 1979 em crime atribuído a Battisti, acabou ferido e ficou paraplégico. Ele é um dos principais defensores e líderes do movimento em favor do retorno de Battisti para o país.

Na Itália, o ex-ativista foi condenado à prisão perpétua, mas nunca cumpriu pena pois fugiu para a França e depois para o Brasil. Ele está preso preventivamente, desde 2007, na Penitenciária da Papuda em Brasília. Advogados de defesa de Battisti pedem, no Supremo Tribunal Federal, que ele seja solto. O goveno italiano também recorreu para evitar a soltura do ex-ativista.

No último dia de governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a decisão de manter Battisti no Brasil. O caso, no entanto, ainda vai ser analisado pela Suprema Corte, que retorna do recesso em fevereiro. Até lá, o impasse permanece.

A controvérsia gerou reações na Itália. Protestos tomaram conta ontem (4) das principais cidades, como Roma e Milão. No governo, há os que defendem retaliações ao Brasil, como a não ratificação de um acordo militar no valor de 5 bilhões de euros. No entanto, Berlusconi, no comunicado, disse que o Brasil e a Itália mantêm uma união baseada na “amizade antiga e sólida”.

Porém, o primeiro-ministro afirmou que está convencido de que Battisti é um criminoso e deve pagar na Justiça pelo que fez. Ele disse que ficou impressionado com o relato de Torregiani – apontado pelas autoridades italianas como a quinta vítima de Battisti – que além de perder o pai, ficou sem a mobilidade dos membros inferiores. “É uma história que me impressionou muito. Torregiani não só perdeu o pai, mas sofreu uma doença grave”, acrescentou.

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