Documento inclui ações básicas, como “organização do fluxo de caixa”, mas hospital recebe suposta ‘consultoria’ da SPDM desde 2008. Ex-presidente disse que “nunca viu resultado” no trabalho da empresa.

O plano de metas apresentado pela nova direção da Junta Interventora que administra a Santa Casa de Campo Grande revela que nos últimos anos, mesmo com a consultoria prestada pela SPDM, pouca coisa foi feita para melhorar a administração do hospital.

Na tarde desta quarta-feira (22), membros da junta interventora da Santa Casa de Campo Grande se reuniram com promotores dos Ministérios Públicos Estadual, do Trabalho e Federal. Objetivo da reunião foi apresentar o plano de ação da Santa Casa para 2011, conforme TAC (Termo de Ajuste de Conduta) imposto à entidade.

Desde 2005 sob intervenção, a Associação Beneficente de Campo Grande contratou por ordem judicial, em 2008, a empresa de consultoria SPDM. Mesmo assim, com o suposto trabalho que deveria organizar a parte administrativa do hospital, o plano de ação apresentado ontem inclui metas básicas para o funcionamento da Santa Casa.

Até operações primárias para administrar qualquer empreendimento, como a “organização do fluxo de caixa e do orçamento da entidade”, estão no documento apresentado oficialmente pelos novos diretores. São ações que supostamente não foram implementadas pela consultoria da SPDM nos últimos três anos.

O documento apresentado após a reunião traz como metas para a situação econômica da entidade ações simples, que já deveriam ter sido implementadas, como: Formar grupo de trabalho para análise da situação e elaboração do caixa; Avaliação do déficit e elaboração de ações para sua diminuição.

Recentemente, após deixar a presidência da Junta, Jorge Martins revelou a ineficácia dos milhões gastos com a SPDM. Ainda assim, a secretária Estadual de Saúde, Beatriz Dobashi, defende a contratação da empresa SPDM.

Segundo ela, a empresa está cumprindo o contrato conforme a licitação. Dobashi afirmou que o plano de ação apresentado nesta quarta-feira não difere em nada do que estava sendo feito, apenas apresenta prazos para as execuções.

“Agora temos prazos que determinam, por exemplo, a readequação do orçamento da Santa Casa, podendo inclusive, haver cortes”, admite Beatriz Dobashi, que enfatizou que os cortes podem se estender ao efetivo dos trabalhadores da Santa Casa.

Já o ex-diretor administrativo da Santa Casa, Jorge Martins, discorda da afirmação da secretária de saúde. Jorge, que se demitiu do cargo dia 17, admitiu que nos 11 meses à frente da direção administrativa da Santa Casa, não viu resultado nenhum na atuação da SPDM, no que diz respeito da implantação de novo de gestão no hospital.

Para o procurador do Ministério Público do Trabalho, Dr. Felipe Fritz Braga, os processos anteriores de aplicação e transparência das juntas interventoras não foram bem sucedidos por falta de programação, exigindo a intervenção do Ministério Público.

“A população tem o direito de saber o que está acontecendo na Santa Casa, uma vez que ela recebe repasses do Estado e do SUS, esses foram os motivos que levaram o MP a intervir”, afirmou o procurador.

A empresa prestadora deve ter seu contrato encerrado ainda em agosto desse ano. A partir de então nova licitação deve ser aberta para o contrato de nova empresa, ou mesmo da própria SPDM, como explicou Antônio Lastória, membro do da junta administrativa da Santa Casa.