O Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse à Agência Brasil que o apoio da Polícia Federal (PF) permanecerá no Rio de Janeiro o tempo que for solicitado pelo governador Sérgio Cabral e pelo secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame. “O tempo que for necessário, o nosso pessoal ficará por lá”, afirmou.

Segundo ele, a ocupação da Rocinha, do Vidigal e da Chácara do Céu, na zona sul do Rio, desencadeada no final da madrugada de hoje, “foi uma operação exemplar”, em que “as forças de segurança do Rio de Janeiro, do Ministério da Justiça e do Ministério da Defesa seguiram as mesmas diretrizes do planejamento”.

O ministro da Justiça, que esteve no Rio na última sexta-feira, não quis informar quantos homens da Polícia Federal foram mobilizados na capital fluminense. Na quarta-feira passada, segundo a própria PF, 40 policiais estavam distribuídos por vários pontos da cidade para investigar fuga de traficantes.

Naquele dia, a PF, prendeu dez pessoas nas proximidades da Rocinha, sendo quatro policiais e um ex-policial militar. As tropas estão trabalhando 24 horas por dia em serviços de inteligência e operações ostensivas.
Cardozo comemorou o fato de operação não registrar, por enquanto, nenhum incidente entre as forças de segurança e os moradores das comunidades. “Vamos aprimorando a ocupação”, disse fazendo comparação à operação no Complexo do Alemão, em novembro do ano passado.
A prisão de Nem

O chefe do tráfico da favela da Rocinha, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, foi preso pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar no início da madrugada de 10 de novembro. Um dos líderes mais importantes da facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA), ele estava escondido no porta-malas de um carro parado em uma blitz por estar com a suspensão baixa, em uma das saídas da maior favela da América Latina -, que havia sido cercada por policiais na noite do dia 8 de novembro.

Desde o dia anterior, a polícia já investigava denúncias de um possível plano para retirar o traficante da Rocinha. Além de Nem, três homens estavam no carro. Um se identificou como cônsul do Congo, o outro como funcionário do cônsul, e um terceiro como advogado – a embaixada da República do Congo, entretanto, informou não ter consulados no Rio. Os PMs pediram para revistar o carro, mas o trio se negou, alegando imunidade diplomática. Os agentes decidiram, então, escoltar o veículo até a sede da Polícia Federal. No caminho, porém, os ocupantes pediram para parar o carro e ofereceram R$ 1 milhão para serem liberados. Neste momento, os PMs abriram o porta-malas e encontraram Nem, que se escondia com R$ 59,9 mil e 50,5 mil euros em dinheiro.

Nem estava no comando do tráfico da Rocinha e do Vidigal, em São Conrado, junto de João Rafael da Silva, o Joca, desde outubro de 2005, quando substituiu o traficante Bem-te-vi, que foi morto. Com 35 anos, dez de crime e cinco como o chefe das bocas de fumo mais rentáveis da cidade, ele tinha nove mandados de prisão por tráfico de drogas, homicídio e lavagem de dinheiro. Nem possuía um arsenal de pelo menos 150 fuzis, adquiridos por meio da venda de maconha, cocaína e ecstasy, sendo a última a única droga consumida por ele. Com isso, movimentaria cerca de R$ 3 milhões por mês, graças à existência de refinarias de cocaína dentro da favela.