A Petrobras desistiu de buscar petróleo em águas cubanas do Golfo do México depois de uma infrutífera segunda tentativa iniciada em 2008, informou nesta quinta-feira o assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia.

“Já está decidido. A Petrobras se retirou [do bloco que havia contratado]. Sentimos muito (…), mas a verdade é que é preciso trabalhar com realidades tangíveis”, afirmou à imprensa, durante visita de três dias à Cuba.

O assessor presidencial, que examinou com o presidente cubano, Raúl Castro, o andamento da cooperação bilateral, destacou que a Petrobras comunicou há dois meses sua decisão ao governo de Dilma Rousseff. A empresa, no entanto, afirmou que não se pronunciaria sobre o assunto.

A Petrobras contratou em 2008 a estatal Cubapetróleos (Cupet) o bloco N-37 da região, marcando seu retorno à ilha, pois entre 1998 e 2001 tinha perfurado sem êxito em outro bloco.

“Houve há muito tempo prospecções que não tiveram resultados. Mais recentemente, voltamos a fazer prospecção com os cubanos. Sentimos muito”, mas “no tema da prospecção, o Brasil vai ter de concentrar sua busca nos nossos recursos”, porque “temos grandes reservas”, afirmou Garcia.

No entanto, o assessor especial para Assuntos Internacionais afirmou que a cooperação da Petrobras em Cuba “poderá ocorrer finalmente na construção de uma fábrica de lubrificantes”, projeto que já existia, mas que estava parado porque ambos os países se concentravam em outros planos.

Apesar da ausência da Petrobras, companhias estrangeiras associadas à Cupet continuarão ao longo de 2011 as complexas e caras pesquisas para divulgar o potencial petroleiro da zona econômica exclusiva de Cuba no Golfo do México, disse a companhia cubana em janeiro passado.

Essa região, de 112.000 km2, está dividida em 59 blocos, 21 dos quais estão em contrato de risco com Repsol (Espanha), Hydro (Noruega), OVL (Índia), PDVSA (Venezuela), Petrovietnam, Petronas (Malásia) e, recentemente, Sonangol. Outras empresas de Rússia e China, entre outros países, colaboram em terra ou em águas com a Cupet.

Garcia disse que empresas de seu país trabalham intensamente na ampliação e modernização do porto de Mariel – 50 km a oeste de Havana – que deve entrar em operação em 2014 e assumir a atividade comercial de Havana.

Para a execução do projeto, o mais importante entre os dois países, o Brasil ofereceu à ilha um crédito de US$ 300 milhões, dos US$ 800 milhões de custo total.

A obra foi acertada pelo governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante o qual o Brasil chegou a ser em 2009 o segundo maior parceiro comercial de Cuba na América Latina – depois da Venezuela – com trocas comerciais de US$ 580 milhões.