Pais conseguem sepultar bebê, mas morte diverge entre hospital e Imol

Os pais da pequena Nathália, que nasceu no dia 22 de junho, na Maternidade Cândido Mariano, em Campo Grande, fizeram o sepultamento da criança 30 dias depois de sua morte. A demora foi por conta de exames periciais no Instituto Médico Legal Odontológico (Imol) para identificar se a criança nasceu morta ou morreu depois do […]

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Os pais da pequena Nathália, que nasceu no dia 22 de junho, na Maternidade Cândido Mariano, em Campo Grande, fizeram o sepultamento da criança 30 dias depois de sua morte. A demora foi por conta de exames periciais no Instituto Médico Legal Odontológico (Imol) para identificar se a criança nasceu morta ou morreu depois do parto. Embora o corpo tenha sido liberado, o documento com a causa da morte só deve ser concluído em 10 dias.

Segundo o presidente da Associação das Vítimas de Erro Médico, no prontuário da Maternidade consta que a criança nasceu morta. Já um perito do Imol disse que a menina morreu depois do parto, como sustentava a mãe Patrícia Oliveira Domingues, 20 anos, e o pai Washington Luiz dos Santos Viana.

Para sepultar a criança os pais e a funerário fizeram praticamente um malabarismo com documentos. O serviço de pax conseguiu no Imol um documento para sepultar a criança que, segundo a Associação das Vítimas de erros Médicos, deveria ser entregue pela Maternidade.

Relembre o caso

Nathália morreu na Maternidade Cândido Mariano, no dia 22 de junho, depois de a mãe ter peregrinado na mesma unidade hospitalar no dia anterior com dores do parto e ter sido mandada de volta para casa pelo médico plantonista. O caso foi comunicado à polícia e registrado como morte a esclarecer. Os pais acreditam que ocorreu um erro e negligência médica.

A gestante Patrícia Oliveira Domingues, 20 anos, estava grávida da menina Nathália e fazia o acompanhamento pré-natal regularmente com o médico que ela identifica pelo nome de Valdimário. No dia 21 a mãe fez os exames de rotina pela manhã com ele e estava tudo bem, conforme o relato do profissional. Segundo ela, o médico viajou no mesmo dia.

No dia 22 pela manhã, Patrícia relata que sentia dores na barriga e ligou comunicando o esposo Washington Luiz dos Santos Viana, que estava trabalhando. O marido veio imediatamente, mas como as dores estavam praticamente normais para uma gestante quase no nono mês de gravidez, o casal decidiu esperar um pouco.

Por volta das 15h do dia 22, Patrícia começou a sentir mais dores e então o marido a levou para a unidade de saúde 24h do bairro Coophavila, onde o médico plantonista a examinou e deu um encaminhamento para a Maternidade Cândido Mariano. “Lá dizia que eu estava em trabalho de parto. Minhas contrações aconteciam de cinco em cinco minutos e duravam em média um minuto cada”, garante ela.

Aproximadamente às 17h o casal chegou à Maternidade. Patrícia fez ficha e o médico plantonista, identificado pelo casal pelo nome de Cícero Neto, a examinou. “Ele disse que meu colo uterino estava fechado e receitou paracetamol e hioxina. Eu ainda perguntei se ao invés do paracetamol não era bom tomar buscopan. Daí ele perguntou se eu tinha o composto. Eu disse que não e ele deixou a mesma receita”, diz. Ainda de acordo com a gestante o médico ainda teria dito que o bebê poderia estar se encaixando para nascer, por isso as dores.

O médico Cícero, segundo Patrícia determinou que ela tomasse o medicamento de seis em seis horas. Mas ela afirma ter insistido que seu parto era cesariana como do primeiro filho, hoje com cinco anos. “Ele disse que, plantonista, só se fosse parto normal. Que se fosse cesárea teria que esperar o médico que me atendia, que estava viajando e chegaria no outro dia. Disse que era pra voltar lá só se tivesse sangramento ou por perda de líquido”, relata.

Patrícia conta que voltou para casa e passou a tomar a medicação, porém as dores não paravam e pioraram na madrugada. De manhã quando foi ao banheiro escorreu um líquido verde e então o esposo a levou de volta para a Maternidade Cândido Mariano, onde foi atendida pelo plantonista identificado pela gestante como Drº Santos.

“Ele me examinou e me perguntou como que eu tinha voltado pra casa se estava em trabalho de parto. Ele tentou ouvir o coraçãozinho da minha filha e como não conseguiu mandou que me levassem às pressas pra sala de parto”, lembra.

Segundo Patrícia, o procedimento de cesariana foi feito pelo médico João Roberto de Lima, com assistência de Luciana B. de Lima, nomes que constam no prontuário. A cirurgia começou por volta das 8h e as 9h20 veio a notícia de que o bebê nasceu morto. “Falaram no IML que ela nasceu viva e morreu depois. Também penso isto porque quando tiraram ela de mim, saíram correndo com ela nos braços”, diz.

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