Quando criança, Matt Groening passava tanto tempo vendo TV que os professores lhe diziam que estava jogando a vida fora. Seriados e personagens unidimensionais terminaram por prover parte da inspiração para ‘Os Simpsons’ – série criada por ele que foi salva do cancelamento.

A Fox anunciou no início de outubro que iria cancelar a série após disputa salarial com os dubladores. Mas a rede terminou confirmando o programa por mais duas temporadas, prorrogando o fascínio que o seriado exerce sobre a cultura americana há mais de duas décadas.

“Os Simpsons” é a série mais longa da TV dos EUA e em fevereiro chega a 500 episódios. As trapalhadas da família ajudaram a definir a forma pela qual os americanos se veem – e o mundo os veem.

A vida de Groening serviu de modelo aos Simpsons. Homer leva o nome de seu pai, cineasta e cartunista que levou a família ao Havaí. Sua mãe, Margaret, era dona de casa, não se sabe se ela usava o penteado de Marge.

Assim como Bart Simpson, Groening tem uma irmã mais nova chamada Maggie e uma irmã mais velha chamada Lisa. Ele decidiu não usar seu nome no seriado, escolhendo Bart porque é mais parecido com “brat” (moleque arruaceiro). E, quando seu filho nasceu, Groening escolheu o nome Homer – mas ele hoje prefere ser chamado de Will.

Groening amava quadrinhos, em especial Charles Schulz, com a turma do Charlie Brown. Ao se formar, foi para Los Angeles, onde desenvolveu os personagens da tira “Life in Hell”, sobre suas frustrações, que enviava a amigos e parentes no Oregon.

Terminou contratado pelo extinto “Los Angeles Reader”. A tira foi distribuída para mais de 200 jornais e atraiu a atenção do produtor de cinema James Brooks.

Quando os dois se encontraram pela primeira vez, Groening teve um ataque de pânico, por medo de ceder os direitos de “Life in Hell”. Em lugar disso, fez os esboços de “Os Simpsons”. Depois que um desenho curto foi exibido no “Tracey Ullman Show”, Brooks e Groening não precisaram mais olhar para trás.

“Quadrinhos de humor são para pessoas que não conseguem nem desenhar bem e nem escrever bem”, disse.

“Você une esses dois meios talentos para construir uma carreira.” “Os Simpsons” fizeram de Groening uma das figuras mais ricas da mídia, com fortuna estimada em US$ 600 milhões. “Eu faria a mesma coisa mesmo sem sucesso”, afirmou. “Adoro desenhar e adoro escrever.”