A Comissão de Investigação de Direitos Humanos das ONU (Organização das Nações Unidas) divulgou nesta segunda-feira (28) relatório de 40 páginas no qual denuncia crimes de tortura, assassinato e estupro, além de desaparecimento de pessoas e violência contra crianças na Síria. No documento, os observadores estrangeiros responsabilizam as forças de do governo e o Exército, vinculados ao comando do presidente da Síria, Bashar Al Assad. Por dois meses, a comissão coletou 223 depoimentos de vítimas e testemunhas.

“[As análises indicam que foram cometidos] execuções sumárias, detenções arbitrárias, desaparecimentos forçados, tortura e alguns casos de violência sexual e de violação dos direitos das crianças”, diz o documento. O relatório será tema de reunião, em março de 2012, na 19ª Sessão do Conselho dos Direitos Humanos da ONU.

Sem autorização do governo Assad, a comissão não pode entrar na Síria e teve que fazer o trabalho de investigação à distância. “A comissão está muito preocupada pelo fato de os crimes contra a humanidade terem sido cometidos em diferentes regiões da Síria durante o período em análise”, diz o relatório, divulgado em Genebra, na Suíça.

Em seguida, os peritos acrescentaram que “as provas reunidas pela comissão demonstram que essas graves violações dos direitos humanos foram cometidas por militares sírios e pelas forças de segurança desde o início do movimento de contestação, em março de 2011”. Pelos dados da ONU, cerca de 3,7 mil pessoas foram assassinadas desde a eclosão dos protestos, há oito meses.

Para os peritos, é fundamental que o governo Assad encerre “imediatamente” as violações e inicie uma “investigação independente e imparcial”. Porém, apelo semelhante foi feito pela Liga Árabe, União Europeia e pelos Estados Unidos, sem resposta das autoridades sírias.

As investigações da comissão da ONU começaram em 26 de setembro. Integraram o grupo de peritos o brasileiro Sérgio Pinheiro, especialista em direitos humanos, o turco Yakin Erturk, especialista na área da violência contra as mulheres, e a norte-americana Karen Abou Zayd, especialista em questões humanitárias e refugiados.

Com informações da Lusa, a agência pública de notícias de Portugal