O novo premiê da Itália, Mario Monti, iniciou nesta segunda-feira (14) as consultas às forças políticas do país para compor o próximo gabinete de ministros, logo após ser nomeado pelo presidente Giorgio Napolitano para conduzir a próxima gestão.

Na sede do Senado, o Palazzo Giustiniani, Monti já recebeu a representação parlamentar das minorias lingüísticas do Vale de Aosta, uma região autônoma e de cultura bilíngüe ítalo-francesa.

As entrevistas com as lideranças e as representações parlamentares de todos os grupos políticos estão programadas para ocorrerem até terça pela manhã. Depois disso, no período da tarde, estão agendados encontros com representantes de organizações sociais.

Até agora, apenas a Liga Norte, que compunha a maioria parlamentar sob a gestão de Silvio Berlusconi, manifestou que será oposição. Já o partido Itália dos Valores (IDV), de centro-esquerda, faz críticas à “descontinuidade” do governo.
O líder do IDV, Antonio Di Pietro, declarou que não quer dar apoio “a um governo onde estão alguns daqueles que nos levaram onde estamos hoje, à beira do abismo”. Para ele, Napolitano, ao nomear o economista italiano, garantiu a “descontinuidade” da gestão.
No entanto, Di Pietro atestou que as forças de oposição concordam que Monti “deve iniciar seu trabalho”, e afirmou que, sendo líder de um governo técnico, o economista não deve se fundar em uma coalizão ou uma maioria política.
Para o ex-primeiro-ministro Massimo D’Alema, do Partido Democrático (PD), que compôs a bancada de oposição a Berlusconi, a formação do um novo gabinete é uma ocasião para realizar “um esforço de relegitimação da política” e, para que as forças políticas não “renunciem” ao seu papel, ele defende a aprovação de “uma lei eleitoral do tipo europeu”.
O líder do partido União Democrática de Centro (UDC), Pier Ferdinando Casini, discorda, porém, que essa seja uma prioridade. O governo de Monti, defendeu, “nasce antes para enfrentar a crise econômica”. “A lei eleitoral vem depois”, acrescentou.
Por sua vez, o líder do Futuro e Liberdade para a Itália (FLI), Gianfranco Fini, ex-aliado de Berlusconi, destacou que a nova gestão “não representará o fim dos bipolarismos, mas só do bipolarismo muscular, no qual um polo está sempre pronto a deslegitimar o adversário”.

Monti foi nomeado a primeiro-ministro da Itália um dia após a Câmara dos Deputados aprovar a lei de estabilidade com o pacote de ajustes econômicos prometidos à UE (União Europeia) e após Berlusconi apresentar sua renúncia, como prometido. A função do ex-comissário europeu é guiar a aplicação das medidas econômicas, que incluem congelamento de salários do setor público, aumento da idade de aposentadoria e aumento de impostos.