Novo livro apresenta uma Marilyn Monroe que poucos conhecem
“Fragmentos – Poemas, Anotações Íntimas, Cartas” reúne escritos de Marilyn Monroe e chega às livrarias brasileiras numa edição irresistível, um ano depois de sair com estardalhaço nos EUA e na Europa. O voraz consumidor de fofocas pré-fabricadas não vai achar “nada de sujo, nada de mexericos nestes textos inéditos”, explicam Bernard Comment e Stanley Buchtal, […]
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“Fragmentos – Poemas, Anotações Íntimas, Cartas” reúne escritos de Marilyn Monroe e chega às livrarias brasileiras numa edição irresistível, um ano depois de sair com estardalhaço nos EUA e na Europa.
O voraz consumidor de fofocas pré-fabricadas não vai achar “nada de sujo, nada de mexericos nestes textos inéditos”, explicam Bernard Comment e Stanley Buchtal, editores do material original, na nota de apresentação.
O que haveria então de interessante nesses papéis desordenados com aparência de rascunhos? “A intimidade sem escândalos, o registro sísmico da alma”, escrevem os responsáveis pela publicação.
A maioria cobre toda a década de 50, período em que o lado iluminado da estrela ofuscou sua vida pessoal, marcada por casamentos malsucedidos, insegurança, melancolia e barbitúricos.
O coquetel – semelhante ao que apagou Amy Winehouse há pouco – entristeceu milhares de fãs de MM, encontrada morta aos 36 anos, em 1962. A tragédia completou o que faltava para a sua transformação em mito.
Seus bens pessoais ficaram sob a guarda de Lee Strasberg, seu professor de arte dramática no Actors Studio.
Após a morte dele, em 1982, sua viúva, Anna, encontrou duas caixas com os papéis e pediu conselho ao amigo e editor Buchtal. Este comentou o caso com o colega francês Bernard Comment, e assim começou o processo que culminou com a publicação de “Fragmentos”.
“No início, eu tinha em mãos um conjunto de folhas esparsas, não destinadas à publicação, fruto da intimidade de uma estrela absoluta. O mais importante era preservar Marilyn Monroe dos ruídos.
Eu quis devolver a ela o direito da palavra, deixar escutar sua interioridade”, esclarece Comment em entrevista por e-mail à Folha.
Nos textos, a escrita aparenta uma função catártica, em que Norma Jeane (o nome verdadeiro de Marilyn) vem à tona exigir uma identidade e, sobretudo, conectar-se com a leitora compulsiva que se revela nas fotos.
Posadas ou flagradas, as imagens reproduzidas em “Fragmentos” mostram uma estrela mais à vontade com livros do que na companhia de pessoas.
Misturados a textos de natureza confessional, receitas culinárias e tentativas de exorcizar o sofrimento pela escrita, “Fragmentos” traz instantes que ultrapassam o mero registro do tipo “meu querido diário”.
Em relação ao “valor literário”, o editor prefere apontar outras qualidades. “Acho que há neles verdadeiras fulgurâncias poéticas. Sobretudo no registro direto de seus estados de alma.”
“Não estamos diante das memórias de uma estrela nem de um diário íntimo. O que temos é um caso raro, e talvez único, de uma pessoa mágica que coloca seus estados de espírito num papel, sem filtros, sem forma preestabelecida e com uma intensidade tão emocionante quanto perturbadora.”
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