O Nobel da Paz Muhammad Yunus deixou o banco de microcrédito que ele fundou em seu país, Bangladesh, informou o economista, em comunicado. Uma semana antes, Yunus perdeu uma batalha legal contra sua saída da instituição, pioneira na concessão de empréstimos para a baixa renda. O vencedor do prêmio Nobel de 2006 disse que estava deixando o posto de diretor-gerente do Banco Grameen. O vice dele, Nurjahan Begum, assumirá o posto. O governo apoiava a saída de Yunus.

“Estou tomando esse passo sem prejuízo às questões legais levantadas diante da Suprema Corte e a fim de evitar uma inadequada interrupção nas atividades do Banco Grameen”, afirmou, em carta divulgada ontem. Yunus, de 70 anos, foi retirado do comando do banco de microcrédito em 2 de março, por ordem do Banco Central de Bangladesh. O BC argumentou que ele havia excedido a idade para aposentadoria compulsória do posto. Yunus desafiou a ordem, apelando contra a decisão, mas seu recurso foi negado pela Suprema Corte em 5 de maio.

Após o veredicto, sobre o qual não cabe apelação, funcionários e membros do conselho do Grameen disseram que foram agredidos ou ameaçados, para pararem de fazer campanha pela volta do diretor ao cargo. Yunus disse esperar que sua saída garanta que “meus colegas, nossos oito milhões de membros e os proprietários do banco não fiquem sujeitos a qualquer dificuldade no desempenho de suas responsabilidades”.

O governo examina várias recomendações de um órgão investigativo para reestruturar radicalmente o Banco Grameen e suas companhias irmãs, inclusive alterando o conselho do banco. “Espero que o Banco Grameen continue a operar mantendo sua independência e caráter. E avance para um êxito ainda maior”, escreveu Yunus.

Seus partidários dizem que Yunus – conhecido como “o banqueiro dos pobres” – foi vítima da primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina. A relação dos dois piorou em 2007, quando Yunus chegou a fundar brevemente um partido durante um período de regime militar. A premiê chegou ao poder dois anos depois. No fim do ano passado, Hasina acusou Yunus de tratar o banco como “propriedade pessoal” e disse que a instituição “suga sangue dos pobres”.