Nelsinho: sem restrições, prefeito fala dos problemas e soluções para Campo Grande
Nelson Trad Filho (PMDB), que entra no último ano do segundo mandato, recebeu o Midiamax e falou sobre as principais preocupações da população, as obras que lança ou entrega a partir desta semana, e ainda sobre a sucessão municipal.
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Nelson Trad Filho (PMDB), que entra no último ano do segundo mandato, recebeu o Midiamax e falou sobre as principais preocupações da população, as obras que lança ou entrega a partir desta semana, e ainda sobre a sucessão municipal.
Campo Grande completa 112 anos no próximo dia 26 de agosto. Tradicionalmente, a data é marcada por entregas e lançamentos de obras. Neste aniversário, no entanto, a administração municipal chega com questionamentos que causaram até censura pública do próprio prefeito aos seus secretários.
Nelson Trad Filho (PMDB), que entra no último ano do segundo mandato, recebeu o Midiamax e falou sem restrições sobre as principais preocupações da população, sobre as obras que lança ou entrega a partir desta semana e ainda sobre sucessão municipal:
Midiamax – Episódios recentes, como os estragos causados pelas chuvas no começo do ano, colocaram a administração municipal no foco dos questionamentos populares. Como prefeito, o senhor acha que Campo Grande chega aos 112 anos problemas além do normal para a Prefeitura?
Nelsinho – Já é uma rotina administrativa entrar o mês de agosto fazendo um balanço da situação da Prefeitura por causa da comemoração do aniversário da cidade. É também um momento para fazermos uma retrospectiva e análise de tudo que se conseguiu fazer e do que se tem pela frente. É claro que temos desafios e humildade para reconhecê-los. Mas é um prazer mais uma vez estarmos prestando contas do nosso trabalho e mostrando o que vem pela frente.
Midiamax – Recentemente o senhor chegou a censurar publicamente seus secretários, exigindo mais empenho de todos. É possível apontarmos culpados para essa situação?
Nelsinho – A administração municipal hoje em qualquer cidade brasileira tem um entrave inerente aos tempos muito significativo, que é a burocracia para as obras saírem do papel e efetivamente se realizarem. Esse é um debate do qual eu faço parte na Frente Nacional dos Prefeitos. Seja nas grandes metrópoles, nas grandes capitais, esse problema sempre é muito questionado. Todos os recursos oriundos de repasses de outros entes, como a União ou os estados, sempre geram uma burocracia muito grande para, efetivamente, concretizar as obras esperadas.
Midiamax – As perspectivas então não são boas?
Nelsinho – Claro que são. Superando isso, nós temos sim muitas coisas boas acontecendo e outras prontas para poder acontecer.
Educação: ‘nossas escolas municipais são melhores que muitas particulares’
Midiamax – Em qual área podemos elencar essas coisas boas acontecendo?
Nelsinho – Em várias. Posso listar por áreas. Na educação, por exemplo, os resultados são ótimos. A população de Campo Grande, de 2005 até 2010, cresceu 4,9%. Porém, o número de alunos matriculados na nossa rede avançou 16%. Passamos de 85 mil alunos para 98 mil estudantes. O número de salas de aula também cresceu na média de uma nova sala a cada quatro dias de administração. Nesse período todo, abri 620 novas salas. Implantamos duas escolas de tempo integral no município, seguindo uma tendência crescente no futuro. E, o mais importante dessa questão, é que essas escolas já nasceram concebida na planta para esta finalidade. Com um projeto arquitetônico todo feito para uma escola de tempo integral.
Midiamax – Mas, além do crescimento numérico, houve avanços na qualidade da educação oferecida?
Nelsinho – Houve sim. E tenho dados que comprovam. Nós incentivamos o aluno a não largar o ensino. A nossa taxa de evasão tem diminuído ano a ano na rede municipal de Campo Grande. Como? A gente oferece transporte coletivo gratuito, o passe, a alimentação, e a nossa merenda é de qualidade reconhecida. Além disso, todo o uniforme escolar, todo o material escolar, computadores para os alunos e, não menos importante, professores com uma política de melhoramento continuado. Ou seja, nós hoje competimos de igual para igual com as escolas particulares do município. Cada vez mais a gente tem visto pessoas reconhecerem que a escola municipal está melhor que muitas particulares.
Midiamax – Nesse pacote de obras que o senhor anuncia para o aniversário, tem alguma na área da educação?
Nelsinho – Eu vou inaugurar agora em agosto o centro de capacitação da educação, que vai funcionar dentro do nosso prédio da secretaria municipal de educação e levar o nome do saudoso ex-prefeito Lúdio Coelho. Além disso, temos várias obras de ampliação e reforma de escolas, e a construção de mais três novas unidades escolares dentro do município. Esse é o balanço da educação.
Saúde: ‘mesmo com 70% a mais de investimento municipal, faltam recursos’
Midiamax – Já que o senhor começou enumerar por áreas, vamos falar logo do setor que aparenta ser o ponto mais crítico para a população campo-grandense, principalmente de baixa renda?
Nelsinho – Saúde.
Midiamax – Pois é. A saúde em Campo Grande é muito questionada pela população…
Nelsinho – A saúde é, foi, e sempre vai ser o tema mais questionado pela população. O SUS, pela baixa remuneração que oferece aos prestadores do serviço, vai deixar sempre vulnerável aquele que o gerencia. Porque o volume de serviços e a sua especialização nunca é compatível com os recursos que nos colocam à disposição.
Midiamax – O senhor afirma então que constantemente faltam recursos para a saúde pública?
Nelsinho – É esse o problema chave da saúde pública do Brasil. Há que se ter um debate profundo para duas vertentes que nós não podemos abandonar. A primeira: regulamentação já da Emenda 29. Porque ela vai garantir o repasse de mais recursos por parte, principalmente, da União e dos estados. Vez que, os municípios, na sua grande maioria, 95%, usam o limite constitucional previsto. Outra vertente que tem que ser debatida claramente com a sociedade é a criação da captação de recursos, com a finalidade de captação de recursos exclusivos para a área de saúde.
Se isso vier como exemplo de governo, na minha concepção, a população não deve se opor em apoiar. Até porque, do contrario, a gente vai estar sempre vivenciando essas crises de falta de profissionais e especialistas. Faltam vagas para exames especializados, para especialidades médicas, falta medicamentos de alguns itens… São situações crônicas que recaem sobre o não financiamento adequado.
Midiamax – Mas, com relação a esse argumento da falta de financiamento, muitos setores apontam que ele se esvazia com o combate aos desvios de verba pública… Em Campo Grande, mesmo, o montante de recursos mensais entregues para a Santa Casa não difere muito do orçamento de outros hospitais, inclusive particulares, com o mesmo tamanho. A população se vê com dois lados dizendo o contrário. Uns dizem que faltam verbas, outros, que falta gestão e transparência. Esse não é um nó que trava o debate sobre a melhoria na saúde pública?
Nelsinho – Eu vou desatar o nó. É muito fácil, é um discurso que cola. E, por colar esse discurso, é uma desculpa que o governo dá. Dizer que o gerenciamento é culpado, que falta profissionalismo na gestão… Mas não é o que acontece na grande maioria das vezes. Até porque você tem como um grande comparativo o setor da educação, que tem mais funcionários que a saúde. Na educação as coisas funcionam. E qual o motivo? É porque a educação tem a verba carimbada. É o Fundeb (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). É isso que nós clamamos também, que a saúde tenha a sua verba carimbada, fiscalizada, amplamente supervisionada e o controle social pelos conselhos municipais. Que não deixam os maus administradores aplicarem o recurso de forma errada.
Midiamax – Mas há exemplos. O conselho estadual, por exemplo, questiona os percentuais aplicados pelo Governo Estadual e…
Nelsinho – Mas tem mais! Se errar com o recurso, tem que devolver. Esse é o caminho. Porque, olhe aqui os dados que eu tenho: os meus recursos da saúde cresceram de 2004 até hoje 145%. Eram R$ 89,4 milhões e agora são R$ 219 milhões. Eu invisto 26% do orçamento municipal na saúde, sendo que constitucionalmente, a obrigação é de 15%. Nós em Campo Grande investimos 70% a mais. E os atendimentos médicos cresceram 56%, na pratica, com 74 mil novas consultas a cada mês. A nossa rede física foi toda reestruturada, estamos entregando o terceiro centro de saúde integrada, agora chamado UPA (Unidade de Pronto Atendimento). Já temos o do Coronel Antonino, da Vila Almeida, e agora vamos entregar o do Universitário. E vamos anunciar a construção de um das Moreninhas.
Midiamax – A tendência não é que as populações no entorno dessas UPAs se concentrem neles?
Nelsinho – Há todo um planejamento para distribuir a atenção. Além disso, 13 novas unidades de saúde da família e mais dois postos 24h, um próximo do Guanandi e outro próximo da região leste da cidade, também serão construídos. Tudo planejado, porque hoje estamos vivenciando um novo perfil do doente.
Saúde: ‘grande problema de saúde pública são os traumas’
Midiamax – Qual a maior demanda atual na rede pública de saúde?
Nelsinho – Hoje a epidemia que se tem não é mais da gripe suína ou tampouco da dengue. A epidemia que se tem hoje é a do trauma. É tamanha a complexidade, que acaba vindo gente de todas as regiões do estado e países vizinhos para Campo Grande. E desembocam na Santa Casa, no HU, e no Hospital Regional.
Midiamax – Esse é um discurso antigo, sobre a concentração da clientela externa em Campo Grande. Existe algum projeto específico para resolver o problema, já que se fala disso há anos?
Nelsinho – Então. Qual é a solução para isso? O novo Hospital do Trauma na cidade, para desafogar dois andares da Santa Casa. O discurso é antigo, mas houve mudanças recentes. Ou seja, com o aumento do poder aquisitivo das pessoas, hoje com 60, 70 reais, você compra uma moto e sai rodando. Só que nem sempre o sujeito tem habilidade e capacidade para guiar uma motocicleta. O cara acaba sendo o pára-choque dele mesmo, e acaba sem a canela, sem a cara, arrebenta o peito por ai. Isso, fora a violência urbana de uma cidade que está chegando a um milhão de habitantes.
Então, a solução para a saúde em Campo Grande é clara e simples: tem que se haver uma priorização de mais recursos para esse setor. Porque, do contrário do que acontece em outras áreas, quanto mais se avança em tecnologia na saúde, mais cara ela fica. E hoje o cidadão sabe disso. Ela chega para você e fala: “eu não quero fazer a cirurgia cortada, eu quero fazer a cirurgia moderna. Eu tenho esse direito. Doutor, eu não quero fazer o raio-x ou ultrassom, eu quero fazer a ressonância nuclear magnética”. Ele já chega pronto com uma pesquisa da internet, mas a tecnologia da saúde é cara.
Midiamax – Mesmo com essa alegada falta de recursos, muito gestores, inclusive que passaram por hospitais daqui de Campo Grande, citam a terceirização e a pressão das corporações, no caso, a classe médica, os laboratórios, como grande entrave para melhor aproveitar o que se tem. A Prefeitura, como gestor local do dinheiro do SUS na Capital, considera os contratos de terceirização lucrativos?
Nelsinho – Principalmente nessa questão da Santa Casa, todos os contratos foram revistos. E hoje não tem… Agora só tem contratos justos para ambas as partes, como devem ser. Agora, nos profissionais da saúde, o perfil não difere em nada dos outros. E, em tudo na vida, se tem o bom e o mau profissional. Na saúde é a mesma coisa.
Trânsito: ‘empresários dos ônibus terão que por a mão no bolso’
Midiamax – Já que o senhor apontou o trauma como grande problema de saúde pública em Campo Grande, o que se pode fazer para melhorar a qualidade do trânsito, que gera boa parte desses pacientes vítimas de acidentes?
Nelsinho – Temos que lembrar que aumentou o número de veículos e a frota em duas rodas. Buscamos alternativas para receber esse aumento. Hoje estamos no Pró-transporte, programa federal que vai permitir modernizar o sistema semafórico e as vias de acesso aos bairros. Estamos adotando alternativas viárias com parques lineares, onda-verde nas principais artérias de mobilidade e realizando investimentos em educação no trânsito. Campanhas na imprensa para diminuir os acidentes no trânsito são cruciais, porque a gente sabe que a maioria dos acidentes é causada por falha e imperícia humanas. Outra coisa importante: já temos cadastrados no Ministério das Cidades R$ 290 milhões de recursos no PAC Mobilidade.
Midiamax – Esses recursos atingem o setor de transporte coletivo, grande foco do PAC Mobilidade. Como Campo Grande vai tratar os serviços prestados pelas empresas atualmente?
Nelsinho – Para isso, as empresas de ônibus terão que se adequar às exigências desse plano. E já foi dado ultimato para eles. Nesta semana que começa nós vamos ter uma reunião para desfecho da questão. E eu digo uma coisa: não se aumenta a tarifa e nem se perde esse recurso. Porque, chance que nem essa, meu filho, o Brasil nunca mais vai ter. Por que eles estão disponibilizando isso? Por causa das Olimpíadas e da Copa do Mundo. Então o mundo está voltado para cá e nessa questão da mobilidade.
Midiamax – A população ainda reclama muito da qualidade dos serviços no transporte coletivo de Campo Grande. O senhor acho que é possível tornar o serviço uma opção atraente para os moradores, como defende o PAC Mobilidade?
Nelsinho – Eu já avisei o setor. Os empresários vão ter que meter a mão no bolso para adequar a sua frota, diante das exigências do Ministério. É aquela questão: serve pra mim, serve pra eles. Manda quem pode, obedece quem tem juízo. Se lá em Brasília eles estão mandando o dinheiro e cobrando para se adequar assim, eu vou me adequar. Agora, eu vou fazer minha parte aqui.
Midiamax – Qual deve ser a contrapartida das empresas que lucram com o transporte coletivo em Campo Grande?
Nelsinho – Eles vão ter que aumentar o número de articulados, usarem vagões mais modernos, instalar GPS… É uma série de normas para se adequar. Porque, se governo assim não fizesse, nunca a sociedade vai optar pelo transporte público. Ele vai ser sempre secundário e a população vai buscar sempre a moto, o carro com um único usuário, causando congestionamento. Agora, se você tiver um transporte público confiável, confortável, barato, eficiente e rápido, as pessoas vão andar mais de ônibus, certo? Isso é bom para o trânsito, para o ambiente…
Saneamento: ‘índices de primeiro mundo em Campo Grande’
Midiamax – Com relação à qualidade do ar em Campo Grande, um estudo recente do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) apontou a frota diesel como principal preocupação na emissão de poluentes…
Nelsinho – Nós estamos implantando, junto com o Governo do Estado, a inspeção veicular, que vai organizar essa questão, não só dos ônibus, mas dos outros carros também. Ainda nesse ano devemos concluir essa análise. E o ambiente tem sido uma área de muitos avanços também. É importante que a população saiba que, através da concessão da Águas Guariroba, aumentamos em 960 quilômetros a rede de esgoto. A rede de coleta cresceu 184% e a população atendida triplicou. Hoje, temos um índice de 70% de ligações disponíveis, enquanto esse índice era de 23 % em 2005. Desses 70%, 100% do esgoto coletado é tratado. Além disso, 100% da água oferecida à população é potável. Ou seja, estamos com números de cidade de primeiro mundo no saneamento.
Asfaltamento: ‘100% das linhas de ônibus é a prioridade’
Midiamax – Em alguns locais onde passou a rede de esgoto, houve reclamação sobre a quebra do asfalto, que ficou ondulado em alguns trechos…
Nelsinho – Nesta questão da pavimentação, se você faz uma pesquisa nos bairros, grande parte das pessoas que não tem asfalto, pedem. E, as que têm muita ondulação, pedem o recapeamento. O que eu tenho para dizer: nós já asfaltamos o equivalente a seis mil quadras urbanas de 2005 até agora. A nossa última arrancada de asfalto, que é do Pró-Transporte, vai proporcionar o asfaltamento total das linhas de ônibus. Em 2005, tínhamos 242.361 metros quadrados. Agora, em 2010, já são 1.574.798 metros quadrados.
Agora, com relação às regiões que precisam de recapeamento. Se me perguntam: prefeito, por que o senhor não fez antes? Respondo: porque eu sempre optei por fazer um asfalto novo. Eu acho que a população que mora no barro ou na poeira sofre muito mais do que quem reclama porque trepida o carro no centro. E a relação no custo entre fazer asfalto novo ou recapeamento é de apenas 60%.
Midiamax – Mas existem muitas áreas da cidade em que, além da trepidação, o asfalto deteriorado gera muito custo com tapa-buracos…
Nelsinho – É. O nosso pavimento já está muito antigo. Ele tem que ter uma manutenção, e estou buscando isso com a licitação da nova bandeira que vai tomar conta dos postos nos canteiros centrais. Todo esse recurso vai ser aplicado no recapeamento. Além disso, o Governo do Estado vai fazer a Mato Grosso e a Afonso Pena (avenidas).
Midiamax – E nos casos de asfaltos novos, feitos recentemente, que já apresentam problemas?
Nelsinho – Os asfaltos novos que tiverem reclamações. Eu estou anotando aqui e notifico a empresa que fez. Vou obrigar elas a fazer de novo. Convido os moradores, que podem vir aqui no gabinete e me informar. Nada ficará sem ter uma resposta.
Parques Lineares: ‘a marca na história dos mandatos’
Midiamax – Esse aniversário da cidade inicia a fase final de seus dois mandatos à frente da Prefeitura de Campo Grande. Além do que já listou, dessas obras que anuncia ou inaugura, quais o senhor acha mais marcantes?
Nelsinho – Falando de infraestrutura, temos a questão dos parques lineares. Nós avançamos 357% com a implantação dos Parques do Bandeira, Cabaças, Segredo, Imbirussu, Serradinho e Lagoa. São marcantes, porque um parque linear garante área verde, qualidade de vida, e estamos integrando isso com a modernização da mobilidade dentro da cidade. Em 2004 tínhamos 68,05 hectares de parques, e hoje já são 313,14 hectares. Mas estamos também com muitas conquistas na área social. Em 10 anos, a população cresceu 15% na cidade, e a força de trabalho pulou 66%. São dados oficiais da União. Isso demonstra a pujança da economia. Agimos com o programa PRODES, incentivando novos empreendedores, criando pólos empresariais. De carteira assinada, nós crescemos 157% entre 2005 e 2010.
Midiamax – E para este último ano de mandato?
Nelsinho – O que temos pronto para o futuro, para frente? Disso tudo que foi falado, das coisas que a gente organizou? Entre agosto e setembro, vamos inaugurar, iniciar e licitar as obras. Na saúde, serão 17 unidades básicas de saúde da família, quatro novas Unidades de Pronto Atendimento e ampliação do CEM (centro de especialidades médicas). Na habitação, são 1.700 novas casas populares, na educação três novas escolas e nove Ceinfs (Centros de Educação Infantil).
Nas obras: mais asfalto, com a alimentação de 28 corredores de transporte coletivo beneficiando 39 bairros. Mais praças, pois vou revitalizar dez e colocar aqueles equipamentos de ginástica da terceira idade em todas. E temos ainda como ícone a nova Praça Ary Coelho. No transporte coletivo, serão 1.000 novos abrigos para os passageiros. Teremos os parques lineares nas avenidas: vou inaugurar o Segredo, o Imbirussu-Serradinho, o Lagoa, a Via Morena, e a Júlio de Castilhos que vou revitalizar.
Júlio de Castilho: ‘dez etapas para revitalização’
Midiamax – Como vai ser essa obra da Avenida Júlio de Castilho? Entre os moradores e comerciantes há muita inquietação com as novidades.
Nelsinho – a obra da Júlio de Castilho foi dividida em 10 partes. Serão dez etapas e vou me reunir em cada uma das dez regiões, para explicar aos comerciantes locais o que eles vão ter. Quanto tempo de obra, tudo. Vou conversar antes para eles se prepararem, pois é uma área comercial. E vai ter uma parte viária alternativa, que já está sendo estudada.
Midiamax – O senhor citou 1.700 novas casas populares. Diante das cobranças de mais transparência na distribuição, a Prefeitura já vai adotar critérios públicos?
Nelsinho – O Plano Municipal de Habitação, que é um apêndice da nova Lei do sorteio público, já está na Câmara para análise dos vereadores. Uma vez aprovado, a partir daí nós já vamos ter o sorteio em praça pública dos novos contemplados. Isso vai assegurar a transparência nessa questão.
Sucessão: ‘será tudo na base da pesquisa’
Midiamax – Para encerrar, vamos falar da sucessão municipal?
Nelsinho – Estou muito confortável. Até porque essa questão está clara e definida. Vai ser tudo na base da pesquisa, pelo menos quanto à condução do processo por parte do meu grupo político.
Midiamax – Como o senhor define esse grupo político do senhor atualmente?
Nelsinho – O meu e do governador. Nosso grupo é um só. E os candidatos que fazem parte desse grupo político, podem ter certeza de que serão quatro pesquisas quantitativas e qualitativas.
Midiamax – Isso já tem data? Essas pesquisas já estão em andamento? Esse caminho foi uma imposição?
Nelsinho – Vai começar agora em setembro. Uma coisa eu digo a você: ouvindo a população, através dessas pesquisas, nós não vamos errar na indicação dos candidatos. E eu não teria como discordar desse encaminhamento, porque fui beneficiado por esse mesmo processo quando, ungido fui, na ocasião de ser escolhido como candidato do grupo ao qual pertenço.
Midiamax – Há um questionamento sobre a postura do senhor, como prefeito. Como o senhor lida com a questão da condução ser do Nelsinho ou do André?
Nelsinho – Está resolvida essa questão. Nós vamos trabalhar em conjunto. A sucessão da cadeira da prefeitura é algo muito importante e todo mundo que vai passar por aqui ou que já passou, sempre almejou deixar o seu sucessor. Mas não há divergência ou polêmica nessa questão.
Midiamax – E a anunciada predileção do governador pelo Edson Giroto como candidato dele, não incomoda ao senhor?
Nelsinho – Olha. Essa é uma questão que se fala muito na cidade. E, mesmo que ela seja verdadeira, o governador não vai contrariar o que vier da pesquisa, do levantamento qualitativo e quantitativo. Esse procedimento ele já teve em outras ocasiões. Como todos nós sabíamos que, na primeira eleição que concorri, a preferência dele já era pelo Giroto. Mas ele respeitou as pesquisas e me indicou como candidato.
Midiamax – E naquela ocasião não houve nenhum tipo de acordo tácito, algo como ‘agora vai você, depois é a vez dele’?
Nelsinho – Não. Nunca houve isso. O André respeita muito pesquisas, e só trabalha em cima de pesquisas.
Midiamax – E com relação aos planos políticos do Nelson Trad Filho? Muitos já se perguntam se o senhor terá espaço para se consolidar como um ‘cacique político’ regional. Até que ponto a relação com o governador André Puccinelli interfere no futuro político-partidário do senhor?
Nelsinho – O que a gente pode dizer para a população é o seguinte: existe uma relação muito respeitosa entre Nelsinho Trad e André Puccinelli. E não só de respeito, mas também uma sintonia de ação. Do mesmo jeito que eu o considero uma liderança incontestável no meio político, ele também assim me considera. E nós vamos continuar caminhando juntos para nos fortalecermos e alcançarmos nossos objetivos inerentes aos futuros embates políticos que enfrentaremos pela frente. A nossa desunião só serve para a oposição.
Delcídio e André: ‘na hora da onça beber água, cada um vai para seu lado’
Midiamax – E quem o senhor identificaria como oposição a este seu grupo político hoje?
Nelsinho – É o grupo do PT. Que sempre foi nossa oposição, ora agregada ao PDT, ora não. Vez que o PDT até fez parte da base de sustentação na minha eleição. Mas a base do grupo de oposição ao PMDB em Campo Grande é o PT. E, no meu entendimento, vai continuar sendo.
Midiamax – E como o senhor acha que seu grupo político vai equacionar a aproximação do PMDB com o PT. Além do cenário nacional, em Mato Grosso do Sul já se configura uma proximidade política entre o senador petista Delcídio do Amaral e o peemedebista André Puccinelli?
Nelsinho – O Delcídio, senador que foi reeleito, tem o dever de se aproximar do executivo do seu estado e dos executivos dos municípios, até para desenvolver o seu trabalho. A proximidade advém exatamente disso, de ele viabilizar verbas, recursos, que é a obrigação dele. Essa aproximação se advém disso, única e exclusivamente por uma relação de trabalho.
Midiamax – Prefeito, como político experiente, o senhor acredita mesmo nesse caráter estritamente institucional na relação entre André e Delcídio?
Nelsinho – Ah, sim. Na hora que a onça tiver que beber água, aí eu tenho a plena convicção, e não tenho a menor dúvida disso, de que ele vai consultar o seu grupo e nós, o nosso, para termos o embate. Na minha concepção, e na minha avaliação, não tem o menor cabimento ou possibilidade de liga de o André apoiar alguém do PT.
E não sou eu que estou afirmando isso, é a história que mostra isso. Quem fez essa vala acontecer entre esses dois grupos não fui eu, foi a própria história política da nossa cidade, do nosso estado. Não se mistura, não tem jeito, não consegue se misturar. A população não entenderia e não vai entender se isso acontecer. (Degravação: Evelin Araujo)
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