Morre primeira pessoa em confrontos da greve geral no Chile

Dois dias de greve geral no Chile deixaram um saldo de 1394 pessoas detidas, 206 feridos e um adolescente morto, informou hoje (26) o subsecretario do Interior chileno, Rodrigo Ubilla. O adolescente Manuel Gutierrez, de 14 anos, foi baleado no peito e morreu nesta madrugada. Foi a primeira morte em três meses de mobilizações sociais. “Deveríamos […]

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Dois dias de greve geral no Chile deixaram um saldo de 1394 pessoas detidas, 206 feridos e um adolescente morto, informou hoje (26) o subsecretario do Interior chileno, Rodrigo Ubilla. O adolescente Manuel Gutierrez, de 14 anos, foi baleado no peito e morreu nesta madrugada. Foi a primeira morte em três meses de mobilizações sociais.
 
“Deveríamos estar tristes hoje porque não fomos capazes de avançar de forma pacífica e ordenada, para resolver os grandes problemas e desafios do país”, disse Ubilla. Mas ele elogiou “a atitude valente” de jovens que, durante o protesto, tentaram deter bandos “encapuzados” que jogavam pedras na polícia, depredavam veículos e saqueavam lojas.
 
Analistas políticos, consultados pela Agência Brasil, consideram que, por um lado, a greve manteve as reivindicações estudantis na pauta política chilena. Mas, por outro lado, os estudantes correm o risco de perder o grande apoio popular que conquistaram ao longo dos últimos três meses, saindo às ruas para exigir educação gratuita e de melhor qualidade para todos.
 
“O povo chileno apoia as reivindicações estudantis e seus protestos, mas condena a violência”, explicou o professor universitário e analista político, Patrício Navia. O movimento estudantil começou há três meses e ganhou o apoio de professores e pais de alunos. Os jovens pedem educação gratuita e de melhor qualidade para todos. No Chile, o ensino superior é pago.

Na quarta-feira (24), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) convocou uma greve geral de dois dias, para apoiar os estudantes e exigir outras reformas sociais. Os trabalhadores querem uma reforma na Constituição, que protege a propriedade privada e relega o papel do governo a um segundo plano; uma maior participação do Estado na educação e saúde dos chilenos; e uma reforma tributária, para distribuir melhor a riqueza, de um país que vem crescendo mais de 6% ao ano.
 
A frente Concertación (que reúne os principais partidos políticos de oposição no Chile) aderiu à greve. Mas ao contrario dos estudantes, os políticos não têm o apoio popular. O governo conservador de Sebastián Piñera – o primeiro presidente de centro-direita eleito desde o fim da ditadura, em 1990 – tem o menor índice de aprovação em duas décadas de democracia. Mas a oposição não fica atrás. Navia lembra que os partidos da Concertación estiveram no poder desde a queda do general Augusto Pinochet e tampouco fizeram as reformas sociais reivindicadas hoje. (Edição: Talita Cavalcante)

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