O senador Waldemir Moka (PMDB-MS) criticou em Plenário nesta quinta-feira (1º) o tratamento dispensado aos produtores rurais nas discussões sobre o projeto do novo Código Florestal em tramitação no Senado Federal. O senador lamentou que agricultores estejam sendo tratados como criminosos por suas posições em defesa do agronegócio e avisou que não vai mais “ouvir isso calado”.

– Não há que se confundir pioneiro, gente valente, com bandido, com criminoso. Não há que se confundir. E eu, absolutamente, estou decidido – já disse isto na Comissão de Agricultura e vou repetir – a não ouvir mais isso calado. Até porque tenho sido cobrado. Porque, se tem algum criminoso, algum bandido, que se defina, que se identifique. Agora, você não pode generalizar e confundir produtores rurais com esse tipo de termo – desabafou.

O senador disse que, pelo fato de ser do Mato Grosso do Sul, muitas vezes é tratado como produtor rural ou um “grande latifundiário”. Ele informou que não tem propriedades rurais, mas apenas defende o desenvolvimento econômico de seu estado, que passa pela agricultura e pela pecuária.

Waldemir Moka fez questão de lembrar que foi um dos responsáveis por sugerir o nome do atual ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, como relator do projeto de revisão do Código Florestal, ainda na legislatura passada, quando foi instalada a comissão especial para análise o projeto do novo código. A comissão, informou, era formada por diversos parlamentares militantes do agronegócio e, já àquela época, Moka disse ter o entendimento de que o código não poderia ser elaborado apenas por representantes deste setor.

– Então, tentamos uma negociação, e eu sugeri – e me orgulho muito de ter sugerido – o nome do deputado federal Aldo Rebelo. E essa indicação, em um primeiro momento, criou dificuldades, porque passamos a ter, dentro da bancada da agricultura, parlamentares que tinham receio da atuação do Aldo. Os ambientalistas ficaram mais tranquilos porque o Aldo é dessas figuras que têm um espírito nacionalista muito grande. Eu conheço o Aldo de outras épocas e confiava na sua atuação. É um grande nacionalista. E deu certo. O Aldo acabou relatando, fez um extraordinário trabalho – elogiou.

Trabalho da Câmara

Outra ponderação de Waldemir Moka tratou das críticas feitas ao texto final aprovado na Câmara dos Deputados. Segundo o senador, o trabalho do Senado foi menos complicado porque os senadores tiveram para iniciar as discussões com um projeto quase 70% concluído. Já os deputados tiveram de elaborá-lo do zero. Também no Senado houve um espírito de convergência e um clima melhor do que na Câmara porque, naquela Casa, ocorreram os primeiros, e por isso mais intensos, embates.

Além disso, o senador discordou da reclamação de alguns setores da sociedade de que não teriam sido ouvidos. Moka observou que muita gente foi ouvida, mas nem todas as sugestões ao projeto foram acatadas.

– É muito difícil falar de um segmento que não foi ouvido nessa discussão do Código Florestal, que se arrasta, se computarmos desde a época da Câmara, há dois anos. Agora, há uma diferença: as pessoas vêm e falam, trazem sugestões, mas o fato de falarem e trazerem sugestões não significa que o relator vai acatá-las. Mas, acho que agora chegou o momento, finalmente (de votar o projeto) – afirmou.

Apartes

Em apartes, a senadora Ana Amélia (PP-RS) concordou com a ressalva de Waldemir Moka sobre agricultores não serem criminosos. A senadora disse que esses trabalhadores merecem todo o reconhecimento da sociedade. Já Cyro Miranda (PSDB – GO) disse compartilhar da preocupação de mostrar à população brasileira que os agricultores procuram, dentro de um grande equilíbrio, refazer danos do passado sem prejudicar a produção agrícola atual.

Também em aparte, Ricardo Ferraço (PMDB-ES) enfatizou que o produtor rural brasileiro é quem precisa ser prestigiado, homenageado e defendido de forma intransigente dentro da discussão do novo Código Florestal.